São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Governo volta a pensar em cargo de coordenador; Klein é candidato

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo Fernando Henrique Cardoso voltou a cogitar, desde ontem, a hipótese de escolher um coordenador político.
Até um nome para a função passou a circular com intensidade em Brasília, o do ministro dos Transportes, Odacyr Klein, também deputado federal pelo PMDB-RS.
Klein nega que tenha recebido convite. Não recebeu mesmo, ainda. E suspeita até de que a cogitação de seu nome não passe de "fritura" (queimar alguém).
Mas a idéia está de pé, com Klein ou outro. "O presidente passa a impressão de que quer dar forma mais consolidada à articulação política", diz o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
O primeiro ensaio de se ter um coordenador político morreu há cerca de um mês, quando o ex-senador José Richa (PSDB-PR) recusou sondagem de FHC.
Ressurge agora a partir da afirmação de Clóvis Carvalho, chefe do Gabinete Civil, de que não tem condições de fazer as duas coisas, ou seja, a coordenação do governo acoplada à do relacionamento com o Congresso.
Klein, em tese, teria tais condições, a julgar até pela contabilidade de audiências que já concedeu a parlamentares. Foram 358 -ou 60% do total de congressistas.
A visível euforia dos governistas com a primeira vitória das propostas de reforma (quebra do monopólio do gás) não foi suficiente para abortar a negociação em torno do coordenador político.
Em tese, o fato de os partidos governistas terem, finalmente, votado em conjunto a favor de uma proposta do governo poderia significar que as dificuldades com o Congresso não são tão relevantes a ponto de exigir um coordenador.
"É um bom indicador, mas não significa que essa maioria vá se reproduzir automaticamente em outras votações", reage José Aníbal.
Reforça Germano Rigotto (PMDB-RS), líder do governo no Congresso: "O resultado de hoje (ontem) foi altamente positivo, mas pode ser outro na votação, por exemplo, da reforma da Previdência".
Em tese, pelas contas do líder, o governo dispõe de 408 votos entre os 594 congressistas. "Mas é equivocado dizer que esses 408 votos vão aparecer sempre no painel eletrônico", admite Rigotto.
O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), vai um pouco mais longe. "O placar de hoje, como o da votação do salário mínimo na semana passada, sinaliza que o governo tem condições de formar maioria para as reformas. Mas é uma maioria instável que não tem como ser mantida sem o PMDB", diz.
A menção ao PMDB aponta na direção de um coordenador que seja do próprio partido, que continua em estado de rebelião latente.
Enquanto não tem um articulador oficial, o próprio Fernando Henrique está assumindo o papel.
No domingo à noite, mal regressou da viagem aos Estados Unidos, FHC tomou a iniciativa de telefonar para os líderes do governo e dos partidos aliados, para informar-se sobre a semana congressual a se iniciar. Foi a primeira vez que o fez, desde que assumiu o governo, demonstrando uma disposição renovada.

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