São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995 |
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PT intima ala de Genoino por causa das reformas
CARLOS EDUARDO ALVES
Os principais líderes da "Democracia Radical" são os deputados paulistas José Genoino e Eduardo Jorge. Também fazem parte da ala, entre outros, a senadora Marina da Silva (AC) e o deputado federal Milton Temer (RJ). A decisão foi tomada anteontem por unanimidade pelos treze dirigentes petistas que participaram da reunião da Executiva. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do partido, votou no encontro. O secretário-geral do PT, Gilberto Carvalho, foi o único que defendeu uma reunião confidencial para tentar aparar a aresta com o grupo de Genoino. Prevaleceu, no entanto, a decisão de dar ao encontro um caráter oficial, dado o diagnóstico de que a situação é grave. A decisão será comunicada nas publicações oficiais da legenda. A intenção da cúpula petista é fazer a reunião com a "Democracia Radical" na próxima semana. O deputado Paulo Delgado (MG), que não atua em nenhuma tendência do PT, também será "intimado" a se explicar à cúpula do PT. A "intimação" ao grupo de Genoino, até pela forma oficial com que se deu, não é comum no PT. O processo só é utilizado em casos extremos. Já ocorreu com as tendências trotskistas "Causa Operária" e Convergência Socialista", posteriormente expulsas do PT. "Não adianta um parlamentar votar com o partido se ele trabalha contra a nossa tática", afirmou Gilberto Carvalho. Como exemplo de atitudes incompatíveis com o partido, Carvalho citou "articulação política paralela", defesa de posições que admitem o fim de monopólios e a recusa de Eduardo Jorge de retirar sua emenda da Previdência. A "articulação política paralela" criticada pelo secretário petista é a participação de deputados da legenda em reunião comandada pelo senador Roberto Freire (PPS-PE) para tentar viabilizar negociações com o governo na reforma constitucional. Menos diplomático que Carvalho, o ex-deputado José Dirceu bateu duro em Genoino. "Na prática, o Genoino quer que o PT seja a ala esquerda do governo FHC e hoje é o 16º vice-líder do governo no Congresso", atacou Dirceu. Genoino afirmou que aceita debater politicamente em qualquer instância do PT. "Essa acusação do Zé Dirceu é barata e só espero que não queiram arrumar um bode expiatório para fazer uma nova maioria artificial que não tem projeto para o partido", disse. Genoino reclamou da falta de discussão política no partido e se declarou disposto a disputar a presidência do PT paulista. "Nunca atrasei a contribuição de 30% do meu salário para o PT e nem votei contra decisões do partido", afirmou Genoino. Paulo Delgado disse que defende a transformação do PT num "partido de negociação". Texto Anterior: Máxima janista Próximo Texto: 'Direita' vem da extrema Índice |
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