São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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PFL avança sobre aliados; PPR reage

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PPR, senador Esperidião Amin (SC), reagiu ontem ao projeto do PFL de incorporar pequenos partidos e formar o PSL (Partido Social-Liberal): "É um projeto de cooptação e não tem conteúdo moral".
O assédio a parlamentares do PPR, PP, PTB e PL foi classificado por Amim como o "último baile da Ilha Fiscal". "Eles estão dizendo: venham fazer a última sacanagem na minha casa".
Ele se referia ao baile realizado pela corte de d. Pedro 2º dias antes da proclamação da República.
A ação do PFL se dá em meio à discussão da nova lei dos partidos, em discussão na Câmara. Os parlamentares aproveitariam para mudar de legenda antes da possível aprovação da nova lei eleitoral. O projeto prevê regras que reduzem o número de partidos e impõem a fidelidade partidária.
A aprovação da lei reduziria o número de partidos com representação no Congresso a quatro ou cinco. "O PFL está dizendo: 'Venham! Façam a última traição'. Depois, eles fecham a porta."
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), afirma que a intenção não é a de fazer fusão com outros partidos: "Podemos agregar partidos inteiros ou parte de partidos", explica.
O PFL pensa em trocar a sigla para PSL no fim de junho e chegar a uma bancada de 120 deputados já no segundo semestre. Há quem fale que o partido pode chegar a ter 220 deputados.
Teria a maior bancada no Congresso e aumentaria a influência no governo. Em 97, elegeria presidentes da Câmara e Senado.
Inocêncio diz que a fusão "é inviável" porque seria necessário reorganizar diretórios em todos os Estados e municípios.
O PP é o único partido que pode ser incorporado inteiramente pelo PFL. Os líderes pefelistas já conversaram com o presidente nacional do PP, Álvaro Dias.
Já o presidente nacional do PL, Álvaro Valle (RJ), disse ontem que é "engraçada" a idéia do PFL de criar um grande partido: "O bipartidarismo está superado. Imaginar que vão pôr canga nos parlamentares é não conhecer política".
Apesar da reação de Amin, há grupos no PPR que aceitam discutir a incorporação ao PFL.
"Não estou procurando partido. Não estou vendendo a sigla, mas temos de pensar no que vai acontecer após a reforma partidária. Restarão de quatro a seis partidos. O PPR terá dificuldade para sobreviver", diz o deputado Nelson Marchezan (PPR-RS).
No PSDB, a estratégia do PFL gerou reações diferentes. Para o vice-líder do governo na Câmara, Jackson Pereira, o PFL é um partido profissional: "Temos é de seguir o exemplo", concluiu.
Já o vice-líder do PSDB na Câmara, Artur Virgílio Netto (AM), analisa de forma irônica a proposta de crescimento do PFL. "Temos um projeto de crescer, mas não abrimos mão do nosso ISO 9.000 (certificado de qualidade)".
Virgílio Netto apresenta outra estranha explicação: "Eles são mais normais do que nós. Nós achamos que vamos salvar o país sozinhos. Enquanto não nos internarem, vamos tentando".
FHC conversou ontem por telefone com Amin para convencê-lo a levar o PPR para a base governista. FHC autorizou o seu porta-voz, Sérgio Amaral, a fazer um apelo público para que o PPR apóie as reformas. Como demonstração de seu interesse em atrair a legenda, o presidente mandou incluir o líder do PPR na Câmara, Francisco Dornelles (RJ), na reunião de líderes, hoje, no Palácio do Planalto.

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