São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve dos professores deve acabar sexta-feira

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A greve dos profissionais de ensino do Estado de São Paulo termina na próxima sexta-feira, dia 28, se o governo e os grevistas aceitarem uma proposta que está sendo arquitetada por deputados estaduais, dirigentes da CUT e pelos próprios envolvidos na disputa.
Sexta-feira ocorre nova reunião geral dos grevistas, segundo decisão da assembléia realizada ontem à tarde na avenida Paulista (região central de São Paulo). A greve -hoje no 31º dia- foi mantida.
A novidade foi o secretário estadual do Trabalho, Walter Barelli, dizer ontem ao presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Roberto Felício, que o governo poderia aceitar aumentar o piso para R$ 200 em maio.
Há três semanas, o Estado vem mantendo sua proposta de aumentar o piso de R$ 141 para R$ 180 (por mês para 20 horas-aula semanais) de março a junho.
O problema é que o governo não quer fazer, ele mesmo, a nova proposta. O governador Mário Covas tem dito em reuniões que teme que, se fizer outra proposta, ela poderá ser novamente rejeitada.
Os professores e funcionários, por sua vez, também não querem rebaixar a reivindicação de três salários mínimos de piso (R$ 210 por mês por 20 horas de trabalho semanais). Mas estão com uma greve cada vez mais esvaziada.
Segundo a Apeoesp, a adesão ao movimento caiu de 45% na semana passada para 25% ontem. A Secretaria da Educação diz que a adesão não chega a 20%.
Barelli também disse, segundo Felício, que o governo poderia aceitar marcar um mês no ano que vem para discutir salários -o que corresponde ao estabelecimento de uma data-base para os professores, uma das reivindicações mais antigas da categoria.
A nova proposta começou a ser montada quinta-feira passada, quando uma comissão de deputados -nomeada para mediar as negociações- se reuniu com Covas e Barelli.
Nessa reunião, surgiu a idéia -do deputado Cesar Callegari (PMDB)- de dar R$ 20 a mais para todos em maio, quando o salário mínimo vai a R$ 100.
Esses R$ 20 a mais nos salários representariam pelo menos R$ 7 milhões adicionais na folha de pagamentos -ou R$ 31 milhões, somado à proposta atual.
O governador considera "responsável" prometer, no máximo, R$ 24 milhões a mais por mês -o que só permite o piso de R$ 180.
Com a intermediação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi também acrescentada a esta proposta a idéia da data-base.
Agora, falta um dos intermediadores conseguir formalizar a nova proposta e tanto governo como profissionais do ensino aceitarem.
Na assembléia, os grevistas disseram que podem até aceitar a proposta, "se ela vier por escrito".

Texto Anterior: Aluno espancado morre após três dias em coma
Próximo Texto: Governo estuda dar incentivo a professor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.