São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995 |
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Placido Domingo mostra recital sem força indômita 'O Guarani' foi ponto alto de apresentação no Rio CARLOS HEITOR CONY
E foi o que aconteceu anteontem no Metropolitan, no Rio. Pela segunda vez em pouco tempo (ele fez um recital na Eco-92), o tenor espanhol Placido Domingo mostrou o tamanho de sua voz, mais possante do que a de seus rivais: o repertório é mais ou menos o mesmo de Pavarotti e Carreras. A noite começou fria. Nem o apelo pucciniano de "E Lucevan le Stelle" esquentou as turbinas. A ária de Cavaradossi tem um peso dramático que não se transfere à versão pinçada de um recital. Mesmo assim, destaque para a soprano Ainoha Arteta em "Ahi Je Veux Vivre". A segunda parte começou e acabou com o Brasil. Placido Domingo enamorou-se de "Il Guarany", já a relançou na Europa e vai abrir a temporada lírica em Washington com a maltratada partitura do primeiro artista brasileiro que conseguiu sucesso no exterior e, por isso, foi considerado criminoso. O dueto "Sento una Forza Indomita" mostra que Carlos Gomes não estava tão distante assim do Verdi inicial. Domingo e Ainoha sentiram que a platéia começava a ser conquistada. Surpresa, mesmo, foi a sovadíssima abertura de "O Guarani". Tanto em gravações (poucas) como em cerimônias cívico-musicais (muitas), predomina a leitura de banda, não a orquestral. O regente vienense Karl Sollak e a Orquestra Sinfônica brasileira reabilitaram o texto musical de Carlos Gomes: foi um dos pontos altos da noite, talvez o maior. Noite que acabou em samba, após a sequência de zarzuelas que Domingo inclui em seus recitais. Bem, não se pode esquecer, no bis, a bela interpretação de Ainoha em "Oh Mio Babbino Caro", de Puccini, e "Aquarela do Brasil", cantada pela terceira vez em público por Domingo, e já gravada por ele, nem por isso bem aprendida. Texto Anterior: Arturo Ripstein reinventa o melodrama Próximo Texto: Superprodução de Jeunet e Caro inaugura Festival de Cannes 95 Índice |
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