São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Incêncio em prédio mata 51 na China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Pelo menos 51 pessoas morreram num incêndio que destruiu anteontem um prédio com cinema e karaokê em Urumqi (pronuncia-se Urumútchi), noroeste da China.
Na última sexta-feira, o clube recebeu ordem para fechar até que observasse normas de segurança.
O desrespeito às regras de segurança representa um dos principais fatores que transformaram 1994 num ano marcado por tragédias na China. Foram registrados mais de 40 mil incêndios, que mataram 2.600 pessoas e deixaram mais de 4.000 feridos.
O desastre maior do ano passado ocorreu na região de Xinjiang (oeste), onde ficam Urumqi, palco do incêndio de segunda-feira, e Karamay.
Nessa cidade, o fogo destruiu um teatro em dezembro e matou 325 pessoas. Entre elas, 288 alunos de uma escola primária.
A região de Xinjiang, casa para minorias muçulmanas da China, também testemunhou o maior incêndio da história chinesa recente. Em 1977, um cinema foi destruído em Yili e morreram 694 pessoas, entre as quais 597 crianças.
Embora tenha ocorrido na manhã de segunda-feira, a notícia do incêndio só foi divulgada pela imprensa oficial chinesa ontem.
Não havia informação precisa sobre o números de feridos, que seriam "muitos", segundo as autoridades locais. Elas informaram que não existem crianças ou estrangeiros entre as vítimas.
A polícia prendeu Huang Lixin, dono do centro de diversões. Ele é acusado de ignorar as advertências das autoridades locais sobre medidas de segurança.
O prédio apresentava algumas saídas bloqueadas, além de corredores e escadas muito estreitas.
Ainda se investiga a causa do incêndio. O fogo começou no segundo andar, num pequeno teatro. O prédio abrigava ainda o cinema e diversas salas para karaokê.
Nove carros de bombeiros se deslocaram para enfrentar o fogo e levaram uma hora para controlar a situação. O incêndio atingiu o prédio às 8h (21h de domingo em Brasília) e as autoridades de Urumqi não explicaram por que havia tanta gente tão cedo.
Alguns cinemas e karaokês na China oferecem programação que invade a madrugada e termina apenas pela manhã.
A indústria da diversão testemunha uma grande expansão, impulsionada pelas reformas capitalistas implantadas desde 1978. A corrida pelo lucro rápido também desestimula empresários a observarem normas de segurança.
Depois do incêndio de Karamay, em dezembro, o governo chinês deslanchou uma campanha para apertar a fiscalização.
Mas o Ministério da Segurança Pública admitiu que existe "falta de compreensão" sobre a necessidade de se respeitarem normas de segurança contra incêndio.
Milhares de pessoas combatem incêndio florestal de proporções catastróficas na Província chinesa de Yunnan (sudoeste).
Mais de 4.000 soldados e moradores estão tentando combater o fogo, que começou no dia 17 de abril. O limite sul do incêndio havia sido controlado.

Com agências internacionais

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