São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Acusado afirma ser "prisioneiro político"

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O principal suspeito do atentado contra um edifício público federal em Oklahoma City, capital de Oklahoma (região centro-sul ocidental dos Estados Unidos), se considera um "prisioneiro político".
Timothy McVeigh, 27, se recusa a responder questões das autoridades policiais. Ele é o único acusado pela explosão até agora.
Os irmãos James e Terry Nichols foram indiciados ontem por crime de conspiração para fabricar armas e artefatos de destruição junto com McVeigh "e outros". Os dois estão presos sem direito a fiança.
A polícia federal dos EUA (FBI) espera provar que os irmãos Nichols também estão envolvidos com o atentado de Oklahoma City.
O homem que alugou junto com McVeigh o veículo que transportou os explosivos do atentado ainda está à solta.
O FBI divulgou ontem seu segundo retrato falado, considerado mais fiel a suas feições do que o utilizado até ontem.
Mas nenhuma pista havia sido obtida até o final da tarde que levasse a polícia à sua captura.
A polícia diz ter encontrado nas roupas de McVeigh elementos químicos similares aos componentes dos explosivos utilizados em Oklahoma City.
Uma irmã de McVeigh, Jenniffer, 21, foi interrogada pela polícia e teve seu apartamento vasculhado, em Pensacola, Flórida (costa leste do país).
Nenhuma acusação foi feita contra ela, que divulgou nota na qual deplora o atentado e diz não ter tido relações com o irmão desde 1986.
James Nichols, 41, é o dono de uma fazenda em Michigan (região centro-norte oriental), onde McVeigh trabalhou durante alguns meses.
Na fazenda, foram encontrados armas e elementos químicos para a fabricação de bombas.
Terry Nichols, 40, é o melhor amigo conhecido de McVeigh. Os dois se alistaram no Exército no mesmo dia em 1988 e serviram na mesma base.
Na casa de Terry, em Kansas (região centro-norte ocidental), também foram achados explosivos em barris de plástico azul. Pedaços de plástico azul estão sendo localizados nos corpos das vítimas de Oklahoma City.
Clinton
No campo político, o presidente Bill Clinton recebeu ontem críticas de diversos radialistas acusados por ele de instigarem o ódio no país.
Oliver North, Rush Limbaugh e outros disseram que Clinton está tentando explorar a tragédia de Oklahoma para obter vantagens políticas.
Um grupo de extrema-direita ofereceu US$ 100 mil a Clinton se o presidente conseguir provar que qualquer radialista tenha advogado o uso de violência.
Clinton vai comparecer hoje ao enterro de um agente do serviço secreto morto em Oklahoma. A cerimônia será na área de Washington.
Pesquisa de opinião pública do Instituto Gallup mostra que embora a maioria dos entrevistados (78%) ache que os cidadãos não têm o direito de se armar para resistir ao governo, 19% concordam com essa posição.
McVeigh e os irmãos Nichols são ligados ao movimento de milícias, grupos de extrema direita que defendem essa tese.
A mesma pesquisa mostra que 70% dos norte-americanos admitem que o governo viole direitos constitucionais de integrantes de organizações terroristas para obter provas de eventuais crimes praticados por eles.

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