São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Malan culpa Congresso e opinião pública

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Malan culpa Congresso e opinião pública
Em discurso ontem no Fundo Monetário Internacional, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, apontou o Congresso e a opinião pública como obstáculos para que as reformas necessárias ao combate à inflação sejam aprovadas com mais rapidez no Brasil.
Até lá, medidas de curto prazo estão sendo lançadas para evitar a volta da inflação e proteger as contas externas, disse para a platéia de 24 representantes dos países que compõem o comitê interino do FMI - o comitê interino representam todos os 179 países associados à instituição.
Inflação nos EUA
Na primeira parte de seu discurso, Malan fez uma análise das perspectivas mundiais. Previu pressões inflacionárias nos Estados Unidos, capazes de afetar o crescimento da Europa e Japão.
Com a crise do México, previu também uma redução do fluxo de dinheiro para as chamadas economias emergentes, entre elas o Brasil. Essa redução vai exigir, enfatizou, menor crescimento econômico a curto e mais ajustes (menos consumo e menos gastos de governo, por exemplo).
A útima parte de seu discurso, ele dedicou ao Brasil. Lembrou que o Plano Real baixou a inflação de 45% ao mês para 1,5% no primeiros meses deste ano, a menor taxa dos últimos 25 anos.
Enfatizou que a redução da inflação ajudou a distribuir renda e, assim, impulsionar o consumo. Comentou que esse movimento está provocando distorções, já que o consumo estaria crescendo mais rápido do que a produção, o que gera pressões inflacionárias ou riscos às reservas internacionais.
Daí as razões, segundo ele, para as medidas de controle de crédito, entre outras de aperto da quantidade de dinheiro no mercado.
Malan afirmou que o Plano Real está incompleto, necessitando esforços para ajuste fiscal (corte em gasto e aumento de arrecadação). Fariam parte do esforço privatizações e reformas tributária e na Previdência.
Quis mostrar o lado positivo do crescimento, ao afirmar que as importações são em grande parte de máquinas e matérias-primas, o que significaria mais investimentos e não apenas consumo.
Malan disse que o balanço de pagamento (soma da balança comercial mais contas como amortizações, juros da dívida externa e serviços, empréstimos) estariam em equílibrio nos anos recentes. O grande fluxo de dólares levou o Brasil, afirmou, a aumentar suas reservas.
Disse que as exportações cresceram, mas reconheceu que as importações cresceram com maior rapidez ainda. Afirmou ainda esperar que com as últimas medidas as importações caiam.
Voltou a dizer que as barreiras para as importações como os automóveis são temporárias e "não implicam reversão no processo de liberalização e desregulamentação no Brasil".

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