São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Arnaldo Antunes discute identidade em CD

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 28/04/95
Ao contrário da sub-manchete da pág. 5-3 da Ilustrada de ontem, o guitarrista Edgard Scandurra ainda pertence ao grupo de rock Ira!.
Três anos depois de deixar o grupo de rock Titãs para seguir carreira-solo, Arnaldo Antunes, 34, forma uma nova banda para acompanhá-lo em seu segundo álbum: "Ninguém".
Os músicos são os mesmos da turnê de seu primeiro disco-solo, "Nome": Edgard Scandurra (guitarra), Paulo Tatit (baixo e violão), Pedro Ito (bateria), Peter Price (percussão) e Zaba Moreau (teclado e sampler). Mas agora estão reunidos e oficializados como a banda do compositor.
O resultado, segundo o próprio Antunes, é que o disco tem uma sonoridade mais uniforme "por causa da banda". Mas sem perder a diversidade de estilo.
"Houve uma mistura de gêneros, um choque de informações, que é muito enriquecedor. O Paulo tocava MPB, o Edgard veio de uma banda de rock, o Pedro estudou jazz. A banda não se atém a um gênero. Às vezes não dá para saber bem qual o estilo de algumas músicas", diz.
Atualmente, o grupo ensaia para a turnê, que estréia no dia 18 de maio no Rio e passa por São Paulo no começo de junho.
Apesar do trabalho em grupo -que é responsável pelos arranjos e está presente em várias composições-, Antunes fez questão de escolher o repertório.
Onze das 16 músicas de "Ninguém" fizeram parte do repertório do show do disco anterior.
"O disco tem um conceito, tangencia a questão da identidade, ou da perda da identidade, como em 'Fora de Si', ou da perda da consciência, em 'Consciência'."
Essa questão é ressaltada até na lombada da capa do CD, onde o nome de Arnaldo Antunes é separado pelo título do disco. "Vou assinar 'ninguém' quando for dar autógrafos", auto-ironiza.
Algumas regravações estão presentes, como "Judiaria" (Lupicínio Rodrigues). "Há muitos anos tirei no violão com levada de rock", explica.
Os vínculos com o ex-grupo também são mantidos. Mesmo que, para isso, seja preciso remexer um baú de reminiscências.
Antunes resgatou duas parcerias antigas com os ex-companheiros: "Nem Tudo", com o guitarrista Toni Bellotto, e "Tempo", com o vocalista Paulo Miklos.
Como no show do disco anterior, Price continua tocando sua "bateria" com instrumentos percussivos improvisados, como calota de carro, tonéis de plástico, tanque de motocicleta.
Enquanto se diverte com o disco, os outros assuntos com que costuma trabalhar (vídeo, livros etc.) estão arquivados. Mas é circunstancial. "Não gosto de quem faz a defesa da especialização."

Disco: Ninguém
Artista: Arnaldo Antunes
Gravadora: BMG
Quanto R$ 18 (o CD, em média)

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