São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Vinícolas entram na era da informática

ALCINO LEITE NETO
DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

No Loire, de castelo em castelo, o turista atravessa a história. Na região de Bordeaux, de château em château, ele pode acabar embriagado.
Ali, a aristocracia é do vinho e atende pelos nomes de Margaux, Mouton-Rothschild, Pétrus, Le Pin, Lafite-Rothschild, Lynch-Bages, Latour, Haut-Brion, Pichon-Longueville-Lalande e La Mission-Haut Brion.
O excesso de nomes do parágrafo anterior não é em vão. Trata-se dos dez melhores vinhos de Bordeaux, segundo o júri da respeitada revista "Wine Spectator" de 15 de outubro do ano passado.
Às vezes, o reino inteiro de um desses "nobres" não passa de alguns hectares, mas cada palmo de terra tem um preço incalculável.
Em cada vinhedo que se preze, foi erguido um castelo, uma sede, que pode servir de habitação aos proprietários e também de escritório de produção e vendas.
Há pouco tempo, o turista que passasse por um deles deveria se contentar com vê-lo da rua.
Mas chegaram os novos-ricos. A Califórnia começou a copiar os bordeaux, a Austrália e a Hungria também, com resultados nada desprezíveis e preços deliciosos.
Uma forte crise financeira acometeu as casas vinícolas. Grandes companhias começaram a adquirir e a modernizar os castelos.
Hoje, eles estão sedentos por publicidade e visitação (com hora marcada) -uma maneira de garantir a simpatia pública e a soberania do bordeaux de Bordeaux, mesmo em tempos californianos.
Por isso, que o turista não vá imaginando encontrar camponeses vermelhos e bochechudos de Bosch amassando as uvas com os calos em barris balofos.
Boa parte do trabalho foi entregue aos computadores e a equipamentos polidos e antissépticos, como no château Pichon-Longueville. Até os barris, que naturalmente ainda são usados, parecem de plástico, em sua elegância.
A melhor coisa a fazer é atravessar um curso rápido de degustação, entre os tantos que há na região. E pôr na algibeira um guia, que será útil na ida e também na volta, se os pés começarem a trocar de lugar.

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