São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Praia é a mais perfeita síntese do Rio

SIMONE GALIB
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Além da beleza, que nada nem ninguém consegue roubar, há outros dois consensos básicos sobre Copacabana: continua como porta do turismo internacional e é uma espécie de síntese do Rio.
O bairro na zona sul carioca, onde hoje cinco favelas dividem espaço com magníficas coberturas e hotéis de luxo da avenida Atlântica, "tem todo tipo de problemas", diz Antônio Pedro Índio da Costa, administrador regional de Copacabana-Leme.
Pelas suas 80 ruas, encontra-se também todo tipo de gente. De banqueiros a bicheiros, de milionários a favelados. Os turistas europeus se rendem à beleza da orla e fotografam, exaustivamente, sempre os mesmos ângulos.
Passam horas nas coberturas dos hotéis focando uma vista geograficamente perfeita, indiferentes aos seus vários problemas. Que são muitos.
A avenida Atlântica vinha sendo invadida por 700 camelôs e a praia era ocupada, à noite, por cerca de 500 mendigos.
Sem falar no grande número de prostitutas e travestis, que circulam pela avenida, e no lixo. "A cada quilômetro são coletados oito toneladas de lixo dos condomínios", diz Índio da Costa.
A administração regional conseguiu retirar os mendigos e os ambulantes da avenida (hoje restam apenas cem).
Eles podem vender artesanato entre o calçadão central, no Posto 5 -das 19h às 24h- e a feira de artes da praça Lido, aos fins-de-semana.
"Com a saída dos ambulantes, a prostituição já diminuiu", afirma Índio da Costa. Segundo ele, também haverá uma ação conjunta da Polícia Civil com o Juizado de Menores contra a prostituição infantil, que tem como principal ponto de encontro a boate Help.
Os hotéis também contribuem para preservar a avenida, "adotando" quarteirões.
Aliás, partiu de um grupo de hoteleiros, no início do ano, a iniciativa de recuperar as pedras portuguesas do calçadão, colocar lixeiras e cuidar das árvores.
Muita gente se empolgou e, assim, nasceu o projeto de resgatar o glamour do bairro.
Já surgem os primeiros resultados. A praia está mais limpa, há policiais perto dos hotéis e ninguém parece sentir mais tanto medo de circular pelo calçadão.
"A idéia é fazer de Copacabana um bairro-modelo, civilizado, limpo e seguro", afirma Carlos Eduardo Hue, 44, gerente-geral do hotel Rio Atlântica, um cinco estrelas cujos apartamentos escancarados para o mar têm uma das mais bonitas vistas do Rio.

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