São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Mulheres disputaram posse de Chenonceau

Henrique 2º presenteou sua preferida com o castelo

ALCINO LEITE NETO
DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

Enquanto os homens lutavam pelo reino, as mulheres da corte disputavam Chenonceau, uma jóia da Renascença francesa, construída sob as águas do rio Cher.
Foi um coletor de impostos quem fez a primeira fundação do castelo. Atolada em dívidas, sua família transferiu Chenonceau ao rei Francisco 1º, que, insensível, só o utilizava nas estações de caça.
Em 1547, Henrique 2º resolve fazer dele o castelo de sua preferida, Diane de Poitiers, provocando a fúria da rainha, a poderosa Catarina de Médicis.
Tão logo morreu Henrique 2º, Catarina expulsou de lá madame De Poitiers. A preferida teve que se contentar com o castelo de Chaumont, que além de menos belo era muito pouco cobiçado.
Como uma legítima Médicis, a italiana Catarina amava as artes, o luxo e, sobretudo, o poder.
Durante 30 anos, a França balançou em suas mãos e foi ela a protagonista, com seu filho Henrique 3º, de um dos episódios mais negros da história francesa, a Noite de São Bartolomeu, contado no filme "A Rainha Margot".
Em 24 de agosto de 1572, na comemoração do casamento de Margarida de Valois (Margot) com Henrique de Béarn (futuro Henrique 4º), foi assassinada toda a nobreza protestante presente à festa.
O crime palaciano serviu de estopim para que, na França inteira, católicos saíssem massacrando os seguidores de Calvino.
Quando o próprio Henrique 3º foi assassinado, Catarina entregou Chenonceau à viúva de seu filho.
Louise de Lorraine fechou-se ali por 11 anos, em teimoso trabalho de luto que nem a vivacidade do castelo rompeu, fazendo juz à alcunha imemorial: a inconsolável.

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