São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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FMI anuncia que será mais rigoroso com países

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Apontado como extremamente duro em suas exigências, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu ontem seu encontro, enviando o seguinte recado, capaz de afetar o Brasil: vai ser ainda mais rigoroso com os países para que não se repitam crises do tipo México, cujo contágio, segundo nota oficial, está "contido".
O comunicado informa que o FMI pretende exigir mais rapidez no envio de dados dos países e divulgá-los para que todos saibam como andam suas economias e evitem perder dinheiro em investimentos desastrosos. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, participou do encontro.
Por trás do anúncio está o desgaste sofrido pelo FMI com a crise do México. Vazaram indicações de que seus técnicos sabiam que a economia mexicana ia pior do que diziam renomados economistas e jornais.
Nos bastidores, afirma-se que um relatório mais crítico sobre o México foi substituído para não alarmar o mercado. Resultado: perdas para investidores dos Estados Unidos e Europa, além da sensação de fracasso do FMI em cumprir sua tarefa de supervisão.
O FMI pretende exigir mais pressa nos dados enviados dos países e rápida transmissão para o público.
O FMI seria mais "franco" com os países-membros que sofrem desequilíbrio e mais duro nas recomendações para que se eliminem com rapidez as distorções.
O documento final do encontro, elaborado pelo chamado comitê interino (dele fazem parte 24 países, entre os quais o Brasil), não prevê redução de crescimento econômico para a América Latina. Também alerta para os riscos do aquecimento demasiado das economias (excesso de consumo).
O perigo do contágio mexicano já estaria afastado. O documento final elogia o México pelo seu programa de ajustes, lançado depois da desvalorização do peso. Contágio contido graças, na visão de Michel Camdessus, ao apoio internacional liderado pelos EUA.
O FMI informa que nos próximos anos sua liquidez (dinheiro disponível) estará afetada. Ainda não conseguiu mais dinheiro dos países ricos e anuncia que vai vender parte de suas reservas em ouro para ajudar as nações mais pobres.
Apesar da crise do dólar, o documento final mostra otimismo em relação à Europa e aos Estados Unidos, prevendo crescimento econômico e baixa inflação.

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