São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Polícia identifica assaltantes no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON

Polícia identifica assaltantes no PR
O juiz criminal de Marechal Cândido Rondon (703 km a oeste de Curitiba), Clairton Mario Spinassi, decretou ontem a prisão temporária de cinco pessoas acusadas de envolvimento no assalto com reféns que ocorre na cidade.
O decreto é uma indicação de que a polícia já pode ter a identidade dos três homens que mantêm, desde as 4h da última segunda-feira, sete reféns na casa do empresário Roni Martin.
O pedido não foi confirmado oficialmente. A Agência Folha apurou que uma das pessoas que tiveram sua prisão pedida é Waldecir Cardoso, o "Wal". Ele é apontado como o líder do grupo e teria sido condenado por sequestro (leia texto abaixo).
Os outros seriam Pedro Gomes, conhecido como "Paraguaio", Moacir Almeida Cardoso, Wilson Cardoso e um quinto homem identificado como "Garimpeiro".
Wilson e Moacir são irmãos de Waldecir e seriam os responsáveis pelo apoio ao grupo. "Paraguaio" e "Garimpeiro" estariam no interior da casa com Waldecir.
Às 13h45 de ontem, o pai de Waldecir, Leodofrido Cardoso, chegou à central da polícia em Marechal Cândido Rondon.
Pela manhã, ele havia concedido entrevista a uma emissora de rádio de Toledo (45 km a leste de Marechal Cândido Rondon) se oferecendo para auxiliar a polícia para que seu filho "deixasse de lado esta besteira".
Na noite de anteontem, a polícia já havia levado até a central a mulher de Waldecir, Fátima Cardoso, e a filha, Eliara Cardoso. A menina falou com Waldecir durante 20 minutos pela linha direta usada para as negociações.
A intenção da polícia era usar parentes de Waldecir para convencê-lo a se entregar.
A tática esbarrava na disposição dos sequestradores em manter a exigência de R$ 100 mil e um carro-forte para a fuga levando os reféns. A polícia exige a rendição incondicional dos sequestradores.
Reféns
O impasse nas negociações estão prejudicando a resistência psicológica dos reféns. Durante todo o dia de ontem, nos contatos entre a polícia e a casa onde estão os reféns, as mulheres não resistiram à tensão e choraram.
Enquanto a polícia utiliza a tática da "inquietação" -que consiste em pressionar emocionalmente os assaltantes-, os sequestradores usam as mulheres reféns para os contatos.
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Cândido Martins de Oliveira, disse que o procedimento dos assaltantes não altera a estratégia policial.
No entanto, o secretário admitiu que o ânimo dos reféns não é o mesmo do "primeiro dia de cárcere privado".
Oliveira negou que a menina Eliara Cardoso esteja sendo usada pela polícia da mesma maneira que os sequestradores usam os reféns. Segundo o secretário, "ela está voluntariamente à disposição da polícia".
Os dois contatos da menina com o suposto líder dos assaltantes não foram suficientes para que confirmar sua identidade. Segundo Oliveira, o líder se manteve "muito frio, sem mostrar alterações na voz ao falar com a menina".
Em Marechal Cândido Rondon, os 46,5 mil habitantes da cidade vivem momentos de apreensão com o impasse. Foram formados vários grupos de orações.
O pastor luterano Valdemar Martin, 55, avô da bebê Natália, uma das reféns, disse ontem que os reféns estão preparados "até para a morte, um desígnio", devido à formação religiosa.

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