São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Cativeiro pode abalar refém

DA REPORTAGEM LOCAL

Pessoas expostas a situações de extremo estresse, como no caso dos sete reféns em Marechal Cândido Rondon, podem sofrer mudanças psicológicas importantes.
Jair Mari, 41, professor livre-docente do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista Medicina), diz que as reações a situações de violência podem levar meses para aparecer.
"Depende da estrutura da pessoa, se ela tiver uma fragilidade psíquica, o risco de desenvolver o problema é maior."
O psiquiatra diz que um sintoma típico em casos de vivências traumáticas é que a vítima relembre o fato posteriormente.
"Até um filme pode despertar a lembrança e causar uma resposta emocional tardia, na forma de crise de ansiedade ou de pânico."
A ansiedade se caracteriza por momentos de inquietação e tensão, taquicardia, sudorese (suor), pesadelos e insônia. No pânico, os sintomas são acentuados e a pessoa pode ter falta de ar e sensação de morte iminente.
O psiquiatra Mauro Moore Madureira, 56, afirma que o desfecho da situação de violência é fundamental para determinar a reação psicológica.
"Se a solução for suave e não houver mortes, por exemplo, a metabolização é mais suave."
Madureira diz que pode haver um desarranjo do sistema de valores nas vítimas dessas situações.
"O indivíduo é educado no sentido de que se ele for bom, tudo caminhará bem em sua vida", diz.
"De repente acontece um fato desses e a pessoa pode passar a valorizar mais as coisas simples do cotidiano ou passar a desprezá-las, tornando-se infeliz."
As sequelas psicológicas podem ser tratadas através de psicoterapia ou do uso de medicamentos, dependendo da gravidade do caso.

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