São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Fiesp adverte para altos níveis das taxas de juros

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O rigor da estratégia governamental na política monetária (altas taxas de juros) pode criar pressões de custos na indústria e desencadear aumento de preços e alta na inflação.
A advertência é de Boris Tabacof, diretor titular de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele fez essa declaração ao apresentar os resultados positivos do desempenho da indústria paulista em março.
Segundo a Fiesp, a indústria paulista está respondendo à altura às melhores condições de vida que foram criadas para o consumidor brasileiro com o Plano Real. "Esse é o caminho", disse Tabacof.
A Fiesp, afirmou, aceita medidas "tópicas" de política fiscal e monetária para administrar o dia-a-dia da economia.
Segundo Tabacof, porém, nada justifica os atuais níveis das taxas de juros, "quando se tem uma inflação inferior a 2% por mês".
A Fiesp, disse, acredita que há espaço para uma redução gradual das taxas. Para a entidade, cobrar juros de 8% a 9% ao mês para financiar o capital de giro das empresas acabará produzindo resultados opostos aos desejados.
"Em vez de esfriar a produção a curto prazo, esses juros elevam os custos e produzem os efeitos contrários, tais como pressão nos preços", disse.
Índice de Atividade
A indústria paulista produziu 6,5% mais em março deste ano do que no mês anterior, segundo o INA (Indicador do Nível de Atividade Industrial), calculado mensalmente pela Fiesp.
Esse resultado significa uma recuperação na produção da indústria paulista. Em janeiro e fevereiro, o INA indicava queda em relação a dezembro de 94.
Tabacof atribuiu a recuperação da indústria paulista ao aumento da demanda no mês de março. O diretor da Fiesp acentuou que os números mostram que a "indústria é capaz de responder às pressões de consumo".
Segundo ele, o abastecimento está normal, porque a indústria está reagindo positivamente às oportunidades de vender mais.
Tabacof disse que os investimentos industriais estão aumentando em resposta às perspectivas de estabilidade econômica no país.
Para reforçar seu ponto de vista, o diretor da Fiesp usou estatísticas sobre investimento industrial recém-compiladas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O número de operações de empréstimos do Finame (órgão do BNDES para o financiamento de máquinas e equipamentos industriais) cresceu 173,2% (de 3.018 para 8.246) no primeiro trimestre deste ano, em comparação com igual período de 1994.
"Na hora em que o industrial sente que tem mercado, que há demanda pelos seus produtos, ele investe", afirmou Tabacof.
O valor das operações do Finame cresceu 95% no período, de R$ 230 milhões no primeiro trimestre de 94 para R$ 448,4 milhões no primeiro trimestre de 95.
Com relação ao INA, a comparação entre março e fevereiro de 95 mostra que as horas trabalhadas na produção cresceram 3,5% e as vendas reais 11,3%. Com relação a março de 94, o INA de março de 95 cresceu 19,6% e as horas trabalhadas na produção 5,9%.
Março de 95 também mostra uma maior utilização da capacidade instalada (total de máquinas e equipamentos de uma fábrica para um certo nível de produção) da indústria paulista -de 81,8% no mês, contra 79,2% em fevereiro.

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