São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Para banqueiro, dose pode ser exagerada

DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente do Banco SRL, Francisco Luna, entende que o último pacote do governo é coerente com a linha de reduzir o consumo e aumentar a oferta de dólares na economia.
Para Luna, o governo vem "atirando no consumo" desde janeiro, mas as vendas continuavam fortes e a atividade econômica aquecida.
É possível que o pacote de ontem tenha fechado todas as válvulas, diz Luna, ressalvando que é difícil avaliar isso.
Luna acha que agora o governo pode ter exagerado na dose, o que só se saberá avaliando o desempenho das vendas.
Por isso, na opinião de Luna, o governo precisa manter a economia sob sintonia fina. Se perceber a tempo que exagerou na dose, pode voltar atrás facilmente.
Mas se demorar a perceber isso, observa Luna, pode provocar um "tranco muito forte na economia" e problemas de inadimplência para consumidores e empresas.
Finalmente, o banqueiro acha que o governo precisa, num determinado momento, sinalizar que o pacote anticonsumo está fechado e que não virão novas medidas.
Fazendo a coisa em conta-gotas, o governo está ele mesmo estimulando o consumo. Toda vez que se fala em novas medidas, o pessoal vai às compras e antecipa negócios para escapar do pacote.
E é geral também a opinião de que o consumo aquecido é a maior ameaça ao Plano Real. Ou seja, a tendência é de apoio à política de restrição do consumo.
Para Fernão Bracher, presidente do banco BBA Creditanstalt e ex-presidente do Banco Central, "as medidas são abrangentes e eficazes para o fim a que se destinam (conter o consumo)".
Segundo ele, até hoje, o Banco Central vinha agindo apenas sobre os empréstimos oferecidos pelos bancos. Agora, as medidas limitam também o crédito ofertado fora do sistema bancário. "Acho que o impacto sobre o consumo vai ser muito grande", afirma.
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP), considerou as medidas duras.
Ele acha que, na verdade, o governo quer desacelerar o consumo para resolver a questão do déficit da balança comercial. Isto porque, com a queda do consumo, sobra mais produto para as empresas exportarem.
"Eu não acredito que essas medidas possam provocar um recuo das vendas no curto prazo. Em maio, com o Dia das Mães, a população acaba comprando", afirma. Szajman acha ainda que o pequeno comerciante "vai dar um jeito e continuar vendendo com cheque pré-datado."

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