São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Bancos recomendam fuga do crediário

DA REPORTAGEM LOCAL

As famílias devem baixar de forma significativa seu consumo porque correm o risco de não ter dinheiro para pagar a fatura ou de perder o emprego.
A avaliação é do diretor do Banco Europeu e de captação da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), João César Tourinho.
Tourinho elogiou as medidas adotadas pelo governo que visam reduzir o uso do cheque como instrumento de crédito. "Cheque foi feito para pagamentos à vista."
Mas criticou as restrições à emissão de "commercial papers". "Isto desestimula o mercado de capitais."
As medidas baixadas ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) foram também consideradas "pesadas" pelo diretor da gerência-geral do Bradesco, Antônio Carlos Minotti.
Prevendo aumento do nível de inadimplência (atraso nos pagamentos), Minotti disse que "quem tiver juízo não deve se endividar".
Na soma das medidas adotadas na segunda-feira e ontem, segundo avaliação dos analistas de mercado, o custo do crédito deve subir, no mínimo, mais de 80 pontos percentuais ao ano.
Flávio Nolasco, economista-chefe da Brasilpar, acredita, porém, que as medidas são insuficientes para resolver os problemas do Plano Real. "O problema do governo não é reduzir o consumo. É mais profundo. É impedir a volta da inflação e reduzir as importações."
Para ele, o governo está exercitando a imaginação para reduzir o crédito, quando o problema é que existe renda disponível na sociedade para garantir o atual patamar de consumo. "E em maio aumenta o salário mínimo."
Sérgio Gabriele, diretor de tesouraria do Banco de Boston, prevê que a partir de agora as lojas devem começar a diminuir o número de prestações do crediário.
Gabriele justifica a queda das prestações porque o governo, com as medidas de ontem e de segunda-feira, conseguiu limitar as formas que bancos e empresas têm para captar recursos que financiam o crédito ao consumidor.
Ontem, o CMN proibiu os bancos de darem aval ou comprarem "commercial papers" (títulos emitidos por empresas comerciais ou industriais para captar recursos).
Esta forma de captação começou a crescer rapidamente a partir deste mês, indicando que era a porta de saída utilizada pelas empresas para driblar as restrições aos empréstimos bancários.

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