São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Automóveis só pesaram 15% nas importações

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não foram os automóveis, mas as matérias-primas e os bens de consumo, não punidos pela elevação da alíquota do II (Imposto de Importação), os itens que mais pesaram para o déficit na balança comercial brasileira no primeiro trimestre do ano.
Consequência: "As possibilidades da geração de superávits comerciais expressivos em 1995 são reduzidas".
Tanto os dados da balança comercial como a previsão são de Vitória Saddi, do Iesp (Instituto de Estudos do Setor Público).
Balança comercial é o resultado das vendas de produtos no exterior menos as compras que o país faz em outros. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil comprou US$ 2,3 bilhões a mais do que vendeu.
Como grande parte da crise mexicana se deveu aos déficits comerciais, passou a ser prioridade do governo brasileiro evitar idêntica situação. O governo calculou informalmente em US$ 5 bilhões o saldo que deveria alcançar até o final do ano.
Para isso, decidiu elevar o II para uma lista de cerca de 100 produtos, entre eles automóveis e eletroeletrônicos.
O estudo do Iesp mostra que, de fato, explodiu a importação de automóveis, tratores e peças: foi 223% maior do que no primeiro trimestre de 1994.
Mas, ainda assim, esses itens não respondem por mais do que 15% da pauta de importações do primeiro trimestre.
Bens de capital e matérias-primas, que não tiveram as alíquotas de importação majoradas, representaram exatamente a metade do crescimento ocorrido nas compras externas, no período janeiro/março deste ano, comparado com o primeiro trimestre de 94.
O estudo da técnica do Iesp aponta outro motivo para desconfiar da perspectiva de se obter um saldo comercial expressivo.
É a dificuldade para se exportar para alguns mercados, exatamente em consequência da crise mexicana, o mesmo elemento que torna necessário evitar déficit comercial.
A Argentina, para escapar dos efeitos da crise no México, está contendo importações. No primeiro bimestre, o mercado argentino absorveu 9,8% das exportações totais do Brasil.
O México, por sua vez, reduziu suas compras de produtos brasileiros, o que não chega a ser um grande problema (só 1,7% das exportações do Brasil vão para o mercado mexicano).
Mas, além disso, "está ampliando suas exportações para os Estados Unidos em segmentos que eram amplamente liderados por produtos brasileiros, como suco de laranja e equipamentos mecânicos", diz o estudo.

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