São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Namoro com chefe abre portas no trabalho

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Unir o útil ao agradável." É assim que a esteticista Cássia Santos, 27, explica porque começou a namorar seu chefe, o cabeleireiro Paulo Sérgio, 37. Cássia conheceu Paulo há três anos, quando ela foi trabalhar como recepcionista no salão. Ele era casado na época, mas, segundo Cássia, a assediava com frequência.
"O Paulo era simpático e as pessoas comentavam que dava em cima de mim. Eu não tinha nada a perder e pensei: já que ele está a fim, vamos nessa."
Durante sete meses, os dois mantiveram o romance em segredo. Nesse tempo, Cássia estudou maquiagem (com os custos pagos por Paulo) e conseguiu ser promovida a esteticista.
Hoje, assumiram o relacionamento. Moram juntos desde que o cabeleireiro se separou da primeira mulher. "Não me arrependo de nada e sei que devo boa parte de meu sucesso profissional ao Paulo", diz.
Como Cássia, muitas mulheres preferem manter seu romance com os chefes em segredo.
A publicitária Elisa Barbosa, 38, namorou durante três anos com o chefe, que era diretor de criação da agência em que trabalhava. Durante quase um ano, negou insistentemente que tivesse um caso com ele.
"Conheci o Paulo (nome fictício) em novembro 89. Ele tinha fama de bravo, de gritar com os subordinados. As pessoas diziam que eu era louca de trabalhar com ele. Comigo, ele sempre foi muito gentil. Desde o primeiro dia, me tratou super bem".
Começaram a namorar três meses depois de começarem a trabalhar juntos. Elisa diz que no início do romance achava que seria apenas um caso passageiro.
"Mas foi ficando sério e ele se separou da antiga namorada. Ainda assim, resolvemos manter o relacionamento em segredo no trabalho. Só a secretária dele sabia."
Nove meses depois do início do namoro, Paulo brigou com os donos da empresa e foi para uma agência rival.
"O novo diretor de criação começou a me perseguir porque achava que eu poderia deixar escapar segredos de contas que as duas agências disputavam. Mas, antes de ser demitida, o Paulo me salvou e fui ser assistente dele de novo, na outra agência."
Os dois continuaram namorando por três anos. Hoje, não têm mais nenhum tipo de contato pessoal. "Só nos falamos profissionalmente", diz a publicitária.
Usar um pouco de sedução para conseguir sucesso na profissão não é pecado nenhum. Mas são poucas as mulheres que admitem fazer charme para subir na vida.
As que já namoraram seus chefes são unânimes em afirmar que o relacionamento trouxe enormes benefícios às suas carreiras.
A modelo Valéria Valenssa, 23, é um exemplo. Ela diz que mesmo antes de começar a namorar o cenógrafo Hans Donner, 46, da Rede Globo, vivia pedindo conselhos profissionais a ele.
Os dois se conheceram quando ela participava do concurso "Garota de Ipanema" em 1989.
No Carnaval de 90, voltaram a se encontrar durante os testes para a escolha da modelo Globeleza.
"Fui escolhida, mas até então ele parecia não querer nada comigo. Só voltamos a nos encontrar em 93. Quando entrei na sala para fazer mais uma vez o teste da garota Globeleza, ele disse: 'Menina, como você cresceu'. Nessa hora vi que ele estava a fim de mim. No Carnaval daquele ano começamos a namorar."
Valéria conta que nunca deu bola para as pessoas que dizem que ela só se casou com o cenógrafo por interesse profissional.
"Claro que ele foi muito importante para a minha carreira, mas nosso relacionamento não tem nada a ver com isso. Por isso não esquento com os comentários maldosos", diz Valéria.

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