São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Mercado de arte se recupera com Real

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

As constantes mudanças na economia brasileira influenciam de perto o mercado de arte. A compra e a venda de obras contemporâneas tendem a aumentar em períodos de euforia econômica, segundo a opinião de alguns marchands e proprietários de galerias da cidade consultados pela Folha.
Para o marchand Renato Magalhães Gouvêa, 65, o mercado financeiro e o de arte têm uma ligação diretamente proporcional. Segundo ele, pôde ser observada uma grande queda na procura de obras de arte no governo Collor, que está sendo recuperada desde o início do Plano Real.
"As reformas na economia geram estabilidade e maior procura. Acredito que tivemos um crescimento de 20% desde o início do Real. Mas a lei que funciona para cotação das peças sempre foi a da oferta e procura".
Segundo Gouvêa, o que falta é um esforço de marketing. "A arte brasileira é muito barata, se considerarmos a qualidade das peças. Mas os esforços de divulgação dos trabalhos ainda são individuais".
Para os especialistas, quem investe neste setor dificilmente poderá esperar garantias de rentabilidade a curto e médio prazo.
"O mercado de arte contemporânea brasileiro está crescendo, mas é difícil encontrar quem diga que o negócio garante lucro certo. Este mercado é muito ligado a modismos", afirma o marchand Pedro Corrêa do Lago, 37, representante da galeria Sotheby's no país.
Se para conseguir mercado e rentabilidade no Brasil é difícil, no exterior é praticamente impossível. Os especialistas no assunto afirmam que a arte contemporânea nunca teve uma divulgação internacional tão grande quanto neste momento, mas que o esforço ainda está longe do ideal.
Para Corrêa do Lago, todo o trabalho de divulgação está apenas no início. "Dá para contar nos dedos os artistas que conseguem vender peças no exterior".
Para Marcantônio Vilaça, proprietário da galeria Camargo Vilaça, este também é o melhor momento para a arte contemporânea brasileira.
Segundo ele, alguns artistas brasileiros já são bem conhecidos e têm destaque no exterior. Ele cita, por exemplo, os trabalhos da artista plástica Jac Leirner. "Suas obras chegam a valer US$ 24 mil no mercado internacional e muitos colecionadores e galerias internacionais a conhecem e procuram seus trabalhos".
Para Vilaça, a recuperação da economia também afeta o sobe e desce dos preços. "O produto é diferenciado, mas também sofre as consequências com as modificações na economia do país".

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