São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Instituições financeiras reduzem empréstimos para setor público

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O levantamento feito pela consultoria MB Associados mostra que o grau de desintermediação financeira (os recursos que financiam o consumo e a produção deixam de passar pelos bancos) é muito menor do que se imaginava.
"Não há tanta desintermediação. Há crescimento dos empréstimos feitos por bancos ou com seu aval", diz o consultor Fernando Montero.
A fórmula encontrada para driblar os compulsórios foi a da redução dos empréstimos ao setor público. Os bancos entraram no Real com muitos títulos públicos em carteira -uma das consequências do processo anterior de inflação elevada.
E, dependendo do compulsório, o depósito no Banco Central (BC) poderia ser efetuado em dinheiro ou em títulos públicos.
"Os bancos se desfizeram destes títulos. Depositaram no compulsório os títulos públicos que tinham em carteira", afirma.
Não há perda nesta transação para os bancos. Os títulos continuam rendendo juros.
Obtendo duas vantagens: 1) o compulsório sobre CDBs era menor do que o que incide sobre os depósitos à vista (30% contra 90%); 2) o dinheiro captado em CDB não é obrigatoriamente direcionado para este ou aquele segmento da economia.
É justamente este incremento dos CDBs que o governo procurou controlar com medida adotada na última segunda-feira.
Agora, todo o recurso que os bancos captarem a mais em CDBs do que o limite fixado pelo BC vai pagar um compulsório de 90%.
É por isso que o vice-presidente de Varejo do Unibanco, Joaquim Francisco de Castro Neto, diz não saber avaliar se as medidas adotadas pelo governo vão ou não brecar o consumo.
"Os sinais são contraditórios", afirma. É que na ponta do crédito, com nova elevação dos compulsórios e do IOF (Imposto sobre OPerações Financeiras), o custo vai ficar proibitivo. Sinal de que é melhor poupar do que gastar.
Mas os limites impostos ao CDBs, porque desestimulam a captação, estão produzindo uma queda das taxas pagas ao investidor, o que pode desestimular o aumento das aplicações.
O juro do CDB serve de base para o cálculo da TR (Taxa Referencial), que corrige as cadernetas.

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