São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Saiba quem é o filósofo Jürgen Habermas

DA REDAÇÃO

Jürgen Habermas é um dos maiores, senão o maior filósofo e sociólogo vivo da Europa.
Nasceu em Düsseldorf, em 18 de junho de 1929, filho de um pastor protestante. Depois do ginásio, matriculou-se nas universidades de Gõttingen, Zürich e Bonn, estudando filosofia, história, psicologia e economia. Doutorou-se em Bonn com uma tese sobre o filósofo alemão Schelling.
Entre 1955 e 1959, foi pesquisador do Institut Für Sozialforschung (Instituto de Pesquisas Sociais), em Frankfurt, onde colaborou com os filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer na pesquisa "Student und Politik" (1959), tomando conhecimento da chamada Teoria Crítica.
Fez livre-docência na Universidade de Marburg com uma tese histórico-sociológica sobre o "Espaço Público" (1961).
Em 1982, aceitou novamente uma cátedra no departamento de filosofia da Universidade de Frankfurt. Aposentou-se em junho de 1994.
É casado com Ute Habermas, tem três filhos e três netos. Vive em Starnberg, na Baviera, mas é mais fácil encontrá-lo nos Estados Unidos: nas universidades de Harvard, Yale ou Chicago. Em 1989, visitou o Brasil, dando conferências em Porto Alegre, São Paulo e no Rio de Janeiro.
Ao contrário da maioria dos cientistas sociais alemães, que se abstém de julgar ou condenar os conflitos na Alemanha e no mundo, Habermas sempre pronunciou-se sobre eles.
Criticou as reações de direita aos movimentos estudantis de 1967/68 (em "Movimento de Protesto e Reforma Universitária", 1969). Denunciou os conservadores que tentaram "reinterpretar" cosmeticamente os horrores de Auschwitz, chegando alguns a falar na "mentira" do Holocausto (Auschwitzlge). Pronunciou-se sobre o desmoronamento da União Soviética ("Passado como Futuro", 1991) e criticou a guerra do Golfo, defendendo a decisão dos alemães de não se envolverem nesta guerra, sublinhando, contudo, o respeito e a solidariedade que eles deviam a Israel, uma das nações agredidas.
No dia 1º de abril deste ano, o jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung" publicou a notícia de que Habermas iria lançar, ainda neste semestre, seu primeiro romance, "šber die Berge" (Sobre as Montanhas).
Segundo o jornal, o romance traçaria um "panorama ético" do pós-guerra na Alemanha, a partir da história de uma fisioterapeuta de província, que entra em contato com o mundo universitário e financeiro de Frankfurt e termina como autora de sucesso, em Berlim.
Em resenha antecipada, o maior crítico do jornal, Reich-Ranicki, elogia a prosa "empolgante e cheia de calor e humor" do filósofo e compara o romance ao painel de costumes feito por Balzac. A notícia, que deixou em polvorosa o meio intelectual alemão, era, no entanto, apenas um "primeiro de abril".

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