São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Governo diminui juros para o plantio

DA REPORTAGEM LOCAL

O CMN (Conselho Monetário Nacional) baixou os juros sobre o crédito de plantio do trigo e reduziu em 17% os preços mínimos do produto, a fim de torná-lo competitivo com o grão importado.
As medidas foram aprovadas na reunião do CMN realizada na última quinta-feira em Brasília.
O governo vai usar a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) no lugar da TR, diminuindo em quase 50% o custo dos empréstimos.
A TJLP é alterada a cada trimestre e vale para um período de 12 meses. Até maio, a TJLP está fixada em 23,6%,
O governo vai combinar a utilização de diversas fontes de recursos, com custo inferior ao da TR, para bancar a TJLP.
Entre as fontes, estão a captação de dinheiro no exterior e, provavelmente, a utilização de R$ 500 milhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
As fontes serão usadas para evitar um rombo nas contas do Banco do Brasil.
Os preços mínimos do trigo foram rebaixados em torno de 17%.
Eles foram praticamente equiparados à cotação do grão na Bolsa de Kansas City, nos EUA.
O preço mínimo do produto de melhor qualidade (tipo 1), por exemplo, cai de R$ 174,60 para R$ 144,00 (queda de 17,53%).
O novo valor praticamente equivale ao preço em dólar no Brasil do trigo cotado na Bolsa de Kansas City.
Até o ano passado, o preço mínimo era, geralmente, mais alto que o do trigo importado.
Com a diminuição, o governo pretende agilizar a comercialização da produção nacional e evitar a formação de estoques volumosos em seus armazéns.
As mudanças introduzidas na política de crédito e comercialização do trigo não foram bem recebidas por entidades representativas dos agricultores.
``O governo quebrou a promessa feita há dois anos de adotar mecanismos que estimulassem o plantio da cultura", afirma Amilcar Gramacho, coordenador do departamento econômico da Organização das Cooperativas do Brasil.
Para Dick Carlos de Geus, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná, ``a redução dos preços foi infeliz, porque não foi acompanhada de medidas que neutralizem os subsídios sobre o produto importado".
Rui Polidoro, presidente da Fecotrigo (Federação da Cooperativas de Trigo e Soja do Rio Grande do Sul), acha que a paridade dos preços mínimos com as cotações externas é razoável.
``Mas a TJLP é muito cara e o governo não garante a compra do produto", afirma Polidoro.

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