São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Aula recomeça após 34 dias de greve

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Volta ao normal hoje a rede estadual de ensino de São Paulo, após mais de um mês de greve.
``Normal", segundo pais de alunos, é ter professores ainda desestimulados pelos baixos salários (o piso mensal ficou em R$ 200,00 por 20 horas-aula semanais). São também ``normais" os problemas de infra-estrutura que todos enfrentam na rede.
``O Faria Lima (Escola Estadual de 1º Grau, em Perdizes) está sem aulas não por causa da greve, mas porque quebraram as duas bombas de água" diz o pai de aluno Armando Vertulli, 46. Membro do Movimento de Pais de Escolas Públicas (MEP), Vertulli diz que pensa em transferir seu filho de escola, ``porque vai demorar para resolver esse problema".
Como todos os pais e mães com alguma atividade na área, ele não tem muita esperança na reposição de aulas prometida sexta-feira pelos professores: ``O que nós queremos agora é insistir em uma proposta que resolva o problema das greves em definitivo."
``Reposição não existe. Eu não acredito em reposição. Pergunte a qualquer aluno e ele dirá o mesmo", afirma Elisa Toneto, do Movimento Pró-Educação.
``A gente sabe que muitos dos professores assinaram o ponto durante a greve", acrescenta.
Este fato pode explicar a distorção entre o cálculo de adesão à greve feita pela Secretaria de Estado da Educação -45%, na segunda semana- e pela Apeoesp (sindicato dos professores) -70%, no mesmo período.
Se 25% dos professores assinaram o ponto sem trabalhar, mais de 1,6 milhão de alunos poderão ficar sem reposição apesar de terem perdido aulas.
Para Elisa, ``na maioria das vezes, os professores saem das greves pior do que entraram", voltando desmotivados para a escola. Como Vertulli, ela defende uma política salarial do governo para resolver definitivamente o problema das greves.
Os pais do Pró-Educação terão uma reunião amanhã às 18h com o governador Mário Covas, para reivindicar essa solução definitiva.
A Secretaria de Estado da Educação, por sua vez, garante que a reposição vai acontecer -aos sábados e nas férias, se necessário.
Cada escola terá de fazer seu próprio plano de reposição -já que a maioria teve greve parcial.

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