São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995 |
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As meias medidas agrícolas A aprovação, na última quinta-feira, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para empréstimos agrícolas deve permitir ao setor escapar ao efeito deletério das elevadíssimas taxas financeiras vigentes. Com a alta dos juros, até os financiamentos pela TR tornaram-se muito caros face aos preços relativamente estáveis da agricultura. Mas ao cobrir um lado prejudicou-se outro. Recursos da ordem de R$ 500 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador -responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e, em tese, por programas de qualificação da força de trabalho- serão destinados ao financiamento da próxima safra de milho. O governo demonstra não resistir às pressões que surgem de toda parte e acaba cedendo, à custa do dinheiro público. A outra medida tomada no mesmo sentido parece mais razoável. O Banco Central regulamentou sexta-feira a captação de recursos externos para custeio e comercialização da agricultura. No mercado internacional as taxas de juros são muito menores do que no Brasil, próximas a 10% ao ano. Nos financiamentos pela TR, os agricultores vêm pagando juros que oscilam entre 70% e 80% ao ano. Com a TJLP, esse custo pode cair à metade, segundo o governo. Ainda assim, são taxas incomparavelmente mais altas do que as vigentes no mercado internacional. É ainda uma incógnita, entretanto, qual será a relevância desses empréstimos externos. Trata-se de uma alternativa de financiamento mais acessível a grandes produtores e à agroindústria. Os agricultores de pequeno e médio porte têm, naturalmente, menos facilidade para contatar bancos no exterior e deles obter crédito. A isso se soma o risco inerente a qualquer empréstimo feito em moeda estrangeira: no momento de pagar, a moeda nacional pode estar valendo menos. O governo está buscando alternativas para o impasse criado no setor agrícola pelas altas taxas juros que ele mesmo mantém. As saídas encontradas deixam a desejar. Texto Anterior: País dividido Próximo Texto: Quércia X Fleury Índice |
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