São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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PPR vai apoiar FHC no Congresso e quer cargos

CARLOS MAGNO DE NARDI; SILVANA DE FREITAS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

SILVANA DE FREITAS
A garantia de participação no segundo escalão e a possibilidade de ocupar um ministério abriram o caminho para o PPR (Partido Progressista Reformador) oficializar o apoio ao governo Fernando Henrique Cardoso ontem pela manhã.
A decisão, tomada durante reunião da bancada no Congresso, foi comunicada diretamente ao presidente. A legenda tem 49 deputados federais e seis senadores. Sua liderança de maior projeção nacional é o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
No encontro com FHC, os parlamentares do PPR ouviram do presidente que a partir de agora ``serão tratados como aliados", segundo relato do presidente nacional do partido, senador Espiridião Amin (SC).
``Se você é aliado, é normal que os quadros se unam", disse o senador catarinense. Amin foi adversário de FHC na eleição presidencial do ano passado.
Os parlamentares do PPR, porém, são cuidadosos ao falar sobre a indicação de um membro do partido para o ministério.
Tanto Amin quanto o líder da legenda na Câmara, Francisco Dornelles (RJ), afirmam que FHC não pode mudar o primeiro escalão de seu governo agora, para não prejudicar o processo de reforma da Constituição.
Os líderes, no entanto, não escondem seu desejo de ter cargos no segundo e terceiro escalões.
``Agora eu espero que o governo inclua o pessoal do PPR no governo", afirmou o senador Amin.
A Folha apurou que os integrantes da legenda pretendem cobrar a participação no ministério assim que forem aprovadas as cinco emendas da área econômica, ainda no segundo semestre.
As emendas tratam da quebra dos monopólios estatais do petróleo, das telecomunicações e do gás canalizado, da mudança do conceito de empresa nacional e da abertura do mercado da navegação de cabotagem.
Segundo a Folha apurou, os parlamentares do PPR querem atuar em ministérios com perfil econômico. Ontem à tarde, o porta-voz da Presidência da República, Sérgio Amaral, disse que durante o encontro entre Fernando Henrique e o PPR ``não chegou a ser cogitada a participação do partido no primeiro escalão".
Ao defender o apoio a FHC, o deputado Roberto Campos (RJ), adversário da interferência estatal nas atividades da economia, ressaltou as mudanças defendidas pelo presidente no texto constitucional que regula a economia.
``Com o PPR, o governo vai ceder menos ao corporativismo", disse Campos, que foi ministro do Planejamento durante o governo Castello Branco (1964-1967).
Fernando Henrique comemorou a adesão de mais um partido à sua base de sustentação parlamentar.
``É uma marca significativa o fato de nós estarmos conseguindo juntar todos aqueles que sentem a angústia do momento", disse. ``Não é para fazer reforma daqui a um ano. É fazer agora".
O presidente disse querer manter a confiança que teria restabelecido em relação ao Congresso, depois das primeiras votações das propostas de emendas constitucionais feitas pelo governo.
``Nas últimas duas semanas, foi restabelecido um certo clima de confiança que nós não podemos agora perder", afirmou FHC.
Durante o encontro, os neo-governistas cobraram do presidente uma rápida solução para o problema do crédito agrícola. ``Enquanto não houver solução, estaremos reclamando por ela", disse Amin.

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