São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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Empresa paga pouco imposto, diz Receita

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O IRPJ (Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas) é um dos tributos mais sonegados pelas empresas no Brasil, revela estudo da Receita Federal feito com base no recolhimento efetivo realizado em 94.
Em 94, 745 mil empresas recolheram uma média mensal de R$ 669 de IRPJ.
As contribuições sociais não são tão sonegadas assim. No ano passado, 2,173 milhões de empresas recolheram por mês, em média, R$ 410 de Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
No total, cada uma das 2,525 milhões de empresas (incluindo as do setor financeiro) existentes no mercado formal recolheram a média mensal de R$ 2.017 em impostos, segundo a Receita.
Este levantamento está servindo de base para um projeto de lei que a Receita Federal está elaborando para fechar as brechas da legislação que permitem deduções, incentivos fiscais e a sonegação do IRPJ. O objetivo é fazer as empresas pagarem mais este imposto.
A secretária-adjunta da Receita, Lytha Spíndola Silva, disse à Folha que a pesquisa ``derruba o mito da existência de uma elevada carga tributária das empresas brasileiras. Uma coisa é a carga ditada pela legislação. Outra, a realmente praticada".
Outro estudo da Receita mostra que o capital é pouco taxado no Brasil em relação ao consumo e ao trabalho.
No período de 1984 a 1991, os ganhos do capital foram efetivamente tributados em 8,18% (em média), enquanto os assalariados e o consumo pagaram 19,27% e 16,75%, respectivamente.
Para fazer um retrato fiel da carga tributária das empresas no ano passado, a Receita considerou todos os tributos e contribuições federais efetivamente pagos por elas em 1994.
Só foi excluído do levantamento a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento, que é administrada pelo INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social).
O levantamento da Receita também demonstrou, segundo Lytha, uma má distribuição da carga tributária.
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, pretende redistribuir entre os ministérios a maior parte dos produtos apreendidos como contrabando.
A proposta do secretário é entregar ao Ministério da Educação os aparelhos de televisão, videocassete e aparelhos de áudio (como aparelho de som, por exemplo) para uso nas escolas federais, estaduais e municipais.
O Ministério da Saúde ficaria com remédios, instrumentos e aparelhos médicos apreendidos pelos fiscais da Receita como contrabando. Computadores permanecem com a Receita.
Hoje, a Receita Federal já repassa ao Ministério do Exército as armas de fogo (revólveres, por exemplo) apreendidas como contrabando.

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