São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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'Temi que ele pudesse sair'

DANIEL BRAMATTI; CARLOS MAGNO DE NARDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O veto do PFL à sua indicação como coordenador político do governo e a divisão do PMDB em relação às reformas constitucionais levaram o ministro dos Transportes, Odacir Klein, a discutir com líderes peemedebistas a possibilidade de pedir demissão.
Ontem pela manhã, Klein disse ao líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), que se sente ``desconfortável" no cargo. ``Quando o ministro falou em desconforto, temi que ele pudesse sair", afirmou Temer.
O líder disse a Klein que o partido é contra sua saída ``por sua qualidade como homem público, pela importância do ministério e pelo anúncio do aumento das verbas para os Transportes".
Na noite de quarta-feira, em um jantar na casa de Temer, Klein atribuiu a desistência de FHC de nomeá-lo coordenador político a pressões do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
``O PMDB não pode aceitar vetos do pai daquela boneca que preside a Câmara", afirmou Klein, referindo-se ao deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
A possível escolha de Klein para a coordenação política foi comunicada por FHC ao presidente do PMDB, Luiz Henrique (SC), na noite de segunda-feira.
Na quarta-feira, o presidente desistiu da indicação. ``Não sei o que fez com que o presidente desistisse", disse Luiz Henrique.
O desabafo de Klein foi testemunhado por cerca de 30 parlamentares, entre eles Temer, Luiz Henrique e os líderes do governo no Congresso, Germano Rigotto, e na Câmara, Luiz Carlos Santos.
Em resposta ao ministro, ACM disse que o episódio era a ``prova cabal da incapacidade" de Klein para ser o articulador político. ``Avalie os danos que causaria no Palácio do Planalto esse novo exemplar da Barbie do Mercosul", declarou.
Coube ao líder do PMDB no Senado, Jáder Barbalho (PA), a tarefa de evitar que o confronto entre Antônio Carlos e Klein tivesse maiores consequências. Jáder procurou o pefelista e obteve dele a garantia de que não pretendia prosseguir na polêmica.
A seguir, Jáder telefonou a Klein para informá-lo sobre a conversa. ``O ministro também considerou o assunto encerrado", disse o líder peemedebista.
Os líderes convenceram Klein a permanecer no cargo, mas sua situação só será definida com o retorno de FHC da Inglaterra.
Além de criticar o PFL, Klein também se mostrou insatisfeito com a posição dúbia do PMDB nas votações das reformas constitucionais defendidas pelo governo.
O partido integra a base de apoio a FHC, mas vários parlamentares pretendem votar contra as propostas do governo.
Luiz Henrique e Temer minimizam a importância destes grupos e afirmam que divergências são comuns a todos os partidos.
(Daniel Bramatti e Carlos Magno De Nardi)

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