São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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'Despreparo' causa suspensão

DA REPORTAGEM LOCAL

A suspensão das exportações brasileiras de frango para a União Européia (UE) é consequência do ``despreparo do governo" em treinar técnicos e equipar seus laboratórios.
A afirmação foi feita ontem por Felipe Luz, diretor de relações institucionais do Grupo Sadia, exportador de frango.
Segundo ele, o anúncio da ocorrência da ``Newcastle" (doença que ataca o sistema respiratório e nervoso das aves) foi baseada em critérios ``equivocados", já que a doença não chegou a ocorrer no país.
O anúncio de focos da doença no Paraná, no final do ano passado, foi o principal fator que levou à UE a suspender as exportações. O Paraná é hoje o terceiro maior Estado exportador de frango.
``Pesquisas mostram que a doença não chegou a existir. A justificativa é que os números de mortalidade de frango no Paraná continuam em níveis normais", diz Luz.
Segundo ele, a ``Newcastle" é uma doença que não faz mal ao homem.
A Abef (Associação Brasileira dos Exportadores de Frango) informa que toda a produção brasileira é vacinada contra a doença.

Protecionista
Cláudio Martins, diretor-executivo da Abef, diz que a suspensão das exportações é ``uma medida protecionista" da UE.
``O protecionismo da Europa continua, agora na forma de barreira sanitária", afirma.
Para Martins, o Brasil deve conseguir reverter as medidas européias a partir de julho próximo.
Motivo: em visita ao Brasil no final de março passado, veterinários da UE recomendaram que o país renove os equipamentos do Laboratório Oficial de Referência e tenha profissionais melhores treinados.
Segundo Martins, os equipamentos para o laboratório, localizado em Campinas (SP), já estão sendo providenciados, e dois técnicos do Ministério da Agricultura devem embarcar para a Inglaterra na próxima semana para fazer o curso de aperfeiçoamento.

Reorganização
Luz, da Sadia, diz que a empresa reorganizou suas exportações para evitar problemas com a suspensão européia.
Como Santa Catarina e Rio Grande do Sul não estão sendo afetados pela medida, a produção da Sadia exportada para a Europa são das granjas de Santa Catarina.
``A produção do Paraná está sendo escoada para México e Japão, principalmente", diz.
Segundo o diretor da Sadia, a empresa é responsável por 80% da exportação de frango do Paraná.
Martins, da Abef, diz que ainda não é possível calcular o impacto da suspensão nas exportações brasileiras. ``Só podemos afirmar que as exportações para a Europa estavam crescendo e chegaram a 87 mil toneladas no ano passado", diz Martins.
Segundo ele, antes da suspensão a associação trabalhava com previsão de crescimento entre 3% e 5% nas exportações.
Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os Estados que mais produzem e exportam carne de frango. No ano passado, eles representaram, respectivamente, 63% e 18% do total embarcado para a Europa.

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