São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995 |
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Socialismo blablablá
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES Socialismo blablabláQuem tem suado muito para aparecer no palco político é o cada vez mais esquisito PT. Suor teórico e político. Na primeira categoria, a tentativa mais recente foi a de Aloizio Mercadante que, num esfalfante artigo na Folha de domingo passado, lançou essa brilhante categoria "neoliberalismo tardio". Com ela o ex-futuro vice tenta defender seu nacionalismo de bigode, ideário mais para um general dos anos 70 do que para um economista de "esquerda" dos 90. Nossso "machoamarelismo é merdavarelo e poti", como trocadilhou certa vez Caetano Veloso. Tem medo do mundo, tem medo de internacionalização, tem medo de dinheiro, confunde projeto nacional com economia estatal. Mercadante tenta pintar o velho sonho de Geisel com tinturas de "esquerda". Defende um capitalismo de Estado. E para ser moderno postula que as estatais "precisam de liberdade operacional que preserve a nacionalidade econômica, articulada ao resgate de seu caráter público, através de mecanismos que assegurem transparência do controle social e democrático". Brinca de Lego teórico no jardim de infância do socialismo tardio. Suor político: a direção do partido tenta manter posições intransigentes contra as reformas enfrentando seus próprios parlamentares e administradores. Ou seja, a parte do PT que tem contato com o mundo do poder real. Claro que parlamentares continuam fazendo política no Congresso e prefeitos até promovendo privatizações. Têm mais o que fazer, além de ficar imaginando como o funcionalismo público -principal base petista- poderá assumir a vanguarda da revolução socialista, que por sua vez criará mecanismos que assegurem transparência e controle democrático, blablablá... Texto Anterior: London, London Próximo Texto: Macaco Simão estuda a sociologia da pipoca Índice |
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