São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Câmara dá 1º passo para aprovar reforma

PMDB e PFL acirram disputa pelo poder no governo

PLÍNIO FRAGA
DA REDAÇÃO

O presidente Fernando Henrique Cardoso produziu na Inglaterra -país que visita desde sexta-feira- uma boa imagem para quem pretende entender seu governo.
Sorridente mas com olhar assustado, FHC foi fotografado na embaixada brasileira em Londres entre duas esculturas de boxeadores em posição de luta, como que reproduzindo a disputa travada por PMDB e PFL na arena do poder.
O primeiro round foi do PMDB. FHC anunciou na terça-feira aumento das verbas do Ministério dos Transportes e da Secretaria de Políticas Regionais, ambos comandados por peemedebistas.
O partido ameaçava votar contra as reformas constitucionais propostas pelo governo. Com o afago do governo, sossegou. O próprio FHC não sabe até quando.
O PFL disparou carga contra os presidentes da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo, e do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes. Os dois planejavam reduzir o número de agências das duas instituições.
Os pefelistas reagiram pedindo a demissão de Cutolo e Ximenes. O movimento conseguiu ao menos adiar o projeto.
O PFL já tinha conseguido impedir a redução do número de superintendências da CEF -postos cobiçados pelos parlamentares- proposta por Cutolo.
Apesar das disputas internas dos governistas, a reforma constitucional começou a andar. A Câmara aprovou quarta-feira, em primeira votação, a participação da iniciativa privada na distribuição de gás canalizado, a primeira emenda da reforma a ir a plenário.
FHC comemorou com um trocadilho: ``A reforma começou com todo o gás."
Mas a boa notícia foi acompanhada da exposição pública do pugilato na base governista. O ministro Odacir Klein (Transportes) chamou o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, de ``boneca".
O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), pai de Luís Eduardo, devolveu no mesmo tom. Chamou Klein de ``Barbie do Mercosul".
Para arrematar a semana, cerca de 300 mil servidores federais aderiram à greve contra as reformas convocada pela CUT, a partir de quarta-feira. Por causa da greve, o governo foi obrigado a importar gás de cozinha e gasolina.

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