São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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'Singles' ocupam 43% dos 16 mil flats paulistanos

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Metade desses moradores paga aluguel, metade é de proprietários. Somente o faturamento de locação dos solitários gera R$ 36 milhões anuais.
A estimativa, feita a pedido da Folha, é do empresário Álvaro Augusto Fonseca, diretor do conselho de flats do Secovi, (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo).
Como não se conhece ainda quem são os moradores de flat, o Secovi acaba de encomendar uma pesquisa para traçar esse perfil.
Segundo a estimativa do empresário, do total de flats na capital, apenas 2.400 são hoje utilizados em locação de curto período.
Os 43% de flats que acomodam desacompanhados geraram negócios imobiliários da ordem de US$ 480 milhões.
Também vice-presidente da Parthenon, vinculada ao grupo Accor, que opera 37 empreendimentos e lidera o mercado, Fonseca acredita que casais de profissionais sem filho ocupem o restante das moradias permanentes.

Executivos Solteiros
``A maioria de nossos flats é ocupada por executivos solteiros", diz José Carlos Bizarro Filho, vice-presidente da Residence, que opera nove empreendimentos. ``Eles se instalam para procurar apartamento e acabam ficando."
São atraídos, segundo ele, pelas comodidades oferecidas pelos empreendimentos, que vão de serviço de limpeza e lavanderia a restaurante, salão de ginástica e sauna.
Alguns edifícios já dispõem de freezers coletivos que acondicionam comida congelada. O administrador tem sempre à mão uma lista de serviços externos, que inclui desde entrega de pizza até organização de festas.
As moradias em flat fazem parte de um movimento de mudanças comportamentais. ``Antes, homens e mulheres tinham papéis definidos. O casamento era o objetivo final", diz relatório de uma pesquisa internacional da agência BBDO, associada no país à Almap. ``Hoje, os papéis mudaram muito, o que levou a uma revisão dos valores tradicionais de relacionamento".
Já no início desta década a pesquisa detectava que o casamento havia deixado de representar opção social obrigatória.
O próprio executivo é morador de um flat na Vila Nova Conceição (zona sul).
``Na época, eu tinha opção de alugar apartamento. Mas, para uma pessoa sozinha, o custo é só um pouco menor", diz Bizarro Filho, ao citar despesas de condomínio e contratação de empregada doméstica.

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