São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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'Namoro para não entrar em pânico'

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nelson Rodrigues (1912-1980) dizia que ``a pior forma de solidão é a companhia de um paulista". Selma Barbosa da Silva, 21, corrige: é a de um namorado paulista.
Namora um engenheiro cujo nome prefere manter em sigilo, mas se sente irremediavelmente só.
``Sinto solidão porque ainda não deu o clic, não estou apaixonada. Não fico sozinha porque entraria em pânico."
Selma é do tipo ansiosa. Aos 17 anos foi procurar marido na agência de casamentos Paime. Acabou recusada porque não tinha 18 anos, a idade mínima exigida.
Voltou aos 18, já gastou cerca de R$ 2.000 para arrumar dois namorados em dois anos e acha que o dinheiro foi bem aplicado.
``Não tenho saco para badalação, danceteria, barzinho e essa molecada que só fala em carro e só pensa em sexo rápido", resume. ``Agência de casamento é mais prático: é só olhar as fotos, ver se gosta e namorar."
Busca um homem entre 30 e 40 anos, ``homem homem", de pele clara, louro de olhos azuis, com mais de 1,70 metro.
``É o meu primeiro namorado. Acabei com ele, mas acho que sou apaixonada até hoje. Pode ser que isso tenha alguma ligação com a minha solidão", aventa.
É no sábado à tarde que a solidão dói mais, diz ela: ``Quando vou ao shopping e vejo todo mundo com namorado e com bebezinho no colo, bate uma inveja".
Fotógrafa e dona de uma agência de modelos na região central de São Paulo que fatura entre R$ 1.000 e R$ 2.000 ao mês, Selma diz que os homens estão mal-acostumados e não toleram mulher independente.
``As mulheres estão se dando demais e comigo é diferente. Não nasci para ser submissa."
(MCC)

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