São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Mercado de prato pronto é de US$ 100 mi

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma legião de solteiros e descasados, sem tempo ou habilidade para lidar com panelas e molhos, está ajudando a saciar a fome de lucros da indústria do prato pronto.
Só este ano os principais fabricantes devem faturar US$ 100 milhões por conta do aumento das vendas. O pessoal de marketing calcula que os solitários são responsáveis por cerca de 30% das compras.
É pouco se comparado aos US$ 5 bilhões movimentados nos EUA. O negócio começou a prosperar no país no início da década, em ritmo de fast food, com taxas anuais acima de 20%. Em mercados maduros, a taxa de crescimento é de 5%.
Item de conveniência apontado como indicador do universo de consumidores ``singles", os pratos prontos e congelados saltaram da 21ª para a 5ª posição no ranking de lançamentos. Em 1994 surgiram 44 novidades contra 30 no ano anterior.
Um perfil dos clientes traçado pela Sadia fornece pistas. A maioria (88%) é de endinheirados da classe A e 64% têm de 30 a 50 anos. É a faixa em que se concentram os descasados. A informação mais reveladora: 22% dos compradores pertencem ao esquadrão masculino. ``Deve ser a prateleira alimentícia mais frequentada por homens", afirma Kátia Benchimol, diretora de marketing.
Existem 2,7 milhões de aparelhos de microondas instalados em domicílios de grandes centros urbanos. Em 1994 foram vendidos 510 mil equipamentos, volume 32,5% superior ao do ano anterior. A previsão para 1995 alcança 700 mil unidades.
A Swift-Armour lançou a linha direcionada aos ``singles" em 1991. A empresa sabia que a tribo havia engrossado, embora difícil quantificar, devido a um tabu. ``Solitários têm dificuldade de assumir sua condição", diz o executivo Flávio Saldanha.
Ainda assim eles foram retratados em comerciais de TV. Num dos filmes, um personagem saboreia um strogonoff e diz que não precisa dos serviços da cônjuge.
Deu certo. Tanto que, segundo Saldanha, as vendas de pratos da linha ``Premium" devem duplicar neste semestre para 200 mil unidades mensais.
Ambas as empresas apostam em crescimento. ``As 150 toneladas mensais deverão se elevar para 650 toneladas nos próximos dois anos", diz Saldanha.

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