São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995 |
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Citibank comemora 80 anos com seminário
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O seminário começa amanhã em São Paulo, com a participação de administradores de 100 fundos e bancos de investimento, 25 dos quais vindos dos EUA e Europa. O chairman do Citicorp, John Reed, abrirá os trabalhos do primeiro dia, a serem concluídos pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. O presidente da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA), falará sobre o andamento das reformas. O Citi começou a tratar desse seminário no final de 94, quando ficou pronto um estudo preparado pelo economista-chefe do banco, Amaury Bier, sobre as perspectivas de crescimento da economia brasileira até o ano 2.000. O estudo desenha dois cenários, um de desenvolvimento, outro de estagnação. No primeiro, o país cresce 6,6% ao ano. No segundo, há crescimento, de 2,8%. O primeiro cenário considera que o Plano Real vai ter êxito, inclusive com a aprovação das reformas constitucionais que abrem a economia e permitem levar ao equilíbrio das contas do governo. O segundo cenário prevê que o plano não vai dar certo e as reformas não serão aprovadas, de modo que o Brasil fica mais ou menos como veio até aqui: desequilíbrios das contas públicas, instabilidade, inflação alta e crônica. Acontece que em um outro estudo que o Citibank vinha distribuindo a seus clientes se mostrava que o Brasil cresceu e melhorou seus indicadores econômicos e sociais durante os anos 80, a chamada ``década perdida". Otimismo Concluía então o diretor vice-presidente do Citi brasileiro, José Monforte, um otimista assumido: ``Se a pior hipótese mostrava que haveria crescimento, então o negócio aqui tem que ser bom". Esse era o espírito por trás da comemoração dos 80 anos quando eclodiu a crise do México e o Brasil começou a sofrer seus efeitos. Em março, com o governo FHC patinando, o Plano Real em dificuldades em meio à crise cambial, a comemoração ameaçava encaminhar-se para o fracasso. Mas quem está pensando em períodos de 80 anos, tem que ver a conjuntura de modo diferente, explica Monforte. Assim, o Citi mandou publicar um criativo anúncio, em publicação estrangeira, no qual propunha sua tese sobre o Brasil. O anúncio trazia duas fotos, uma mostrando uma cena de mar revolto. A outra exibia dois mergulhadores em prospecção num calmo fundo de mar. E o título explicava: ``Uma superfície de turbulência não tem nada a ver com os tesouros escondidos no fundo do oceano. Nós convidamos você para dar uma olhada profunda no Brasil". Mas a evolução dos acontecimentos fez com que, às vésperas do seminário, o cenário fosse de novo positivo para o governo FHC e o real. E deixou um outro dado positivo, a capacidade do país de resistir a uma crise aguda. Texto Anterior: Plano mexicano é reduzir salários, diz Valenzuela Próximo Texto: 'Flexibilização' e concorrência Índice |
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