São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Governo acredita na redução da demanda

VIVALDO DE SOUSA
LILIANA LAVORATTI

VIVALDO DE SOUSA; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As medidas para conter o crédito adotadas em abril devem permitir um maior controle do consumo a partir de maio. A equipe econômica ainda não tem avaliações do impacto das medidas, mas a previsão é de que o ritmo de aumento das vendas seja menor.
``Revertemos as expectativas negativas dos meses anteriores", disse à Folha o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Cechin.
Apesar do otimismo, o governo sabe que o consumo continua elevado. Em março de 95, as vendas de bens duráveis -onde estão televisores, máquinas de lavar e refrigeradores- tiveram uma elevação de 60% quando comparadas com mesmo período de 1994.
Os dados de abril ainda não foram totalmente fechados pela equipe econômica, mas devem mostrar que as vendas continuaram elevadas. As medidas de restrição ao crédito foram adotadas para reduzi-las e evitar um novo patamar de consumo em maio, quando o salário mínimo passou para R$ 100,00.
O reajuste do mínimo, aliado a reajustes salariais obtidos por categorias com data-base em abril e maio, deve gerar aumento de renda nos próximos meses. Aumento de renda significa mais dinheiro no bolso e possivelmente um novo crescimento das vendas.
A preocupação do governo é controlar esse aumento das vendas. Se não houver produtos para atender a procura, a tendência do mercado é importar similares ou elevar o preço interno, opções ruins para o Plano Real.
A elevação das importações pode dificultar ainda mais a obtenção de um saldo positivo na balança comercial (quando as exportações superam as importações), outra das preocupações da equipe econômica. O saldo da balança comercial de janeiro a março ficou negativo em US$ 2,3 bilhões.

Crescimento econômico
Um dado que preocupou o governo e motivou a adoção de medidas restritivas foi o do crescimento do PIB. Números do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre cresceu 6,7%, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O dado, embora inferior aos 9.1% apurados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no mesmo período, indica a mesma tendência.
O governo considera ideal um crescimento do PIB entre 4% e 5%. PIB é a soma das riquezas produzidas no país.

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