São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Magia foi base da medicina

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sérgio Buarque de Holanda, em ``Caminhos e Fronteiras" (1944), faz um saboroso levantamento sobre o quanto eram comuns, entre os paulistas do século 16, práticas medicinais que hoje chamaríamos de magia.
Pedra de porco-espinho, por exemplo, era usada contra vômito ou fraqueza de estômago. Dentes de jacaré combatiam com eficiência males designados como ``do ar" (miasmas e derivados).
Na mesma época, diz o historiador Keith Thomas, em ``Religião e Declínio da Magia" (1971), cães hidrófobos eram obrigados, na Inglaterra, a engolirem papel em que estavam escritas fórmulas em latim capaz de curá-los.
A francesa Simone Clapier Valladon faz levantamento semelhante em ``Les Modes Medicales", artigo no primeiro tomo de ``L'Histoire des Moeurs" (1990).
Ela descreve o quanto foram populares, por cinco séculos da Europa medieval, fórmulas de teriagas (fórmulas de compostos) que exigiam de 40 a 60 ingredientes.
Nelas entravam em Veneza e em Bolonha pílulas de víboras e fígados de castor.
Os ingredientes de animais, já usados na Antiguidade, foram sobretudo populares na Europa do século 12. Quanto mais raros, maiores seus efeitos.

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