São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995 |
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Política renasceu, diz sociólogo
ANDRÉ FONTENELLE
Para o sociólogo Alain Touraine, um dos principais intelectuais de esquerda da França, a campanha eleitoral permitiu um "renascimento da política" no país. "Raramente uma campanha foi um evento tão grande", disse em entrevista à Folha. "Há dez anos a sociedade estava silenciosa. Agora ela retoma a palavra." Ao contrário de outras campanhas, na análise de Touraine, os discursos dos candidatos não tiveram "grandes idéias", mas o interesse do público foi muito maior que em 1988. Ele cita como exemplo o comício de Lionel Jospin em Toulouse (sudoeste) na quinta-feira. O evento reuniu 40 mil pessoas, o maior de toda a campanha. Para os padrões franceses, é um público colossal. "Se alguém tivesse dito há três meses que a campanha seria assim, você diria que não", afirmou Touraine. O interesse do eleitorado deu a Jospin um carisma inesperado. "Ele se revelou a si mesmo, como um rapaz virgem que vai ao bordel pela primeira vez em sua vida", compara. Touraine acha que o mesmo aumento de interesse pela política ocorre em outros países europeus, como a Itália e o Reino Unido -onde a esquerda cresceu em eleições recentes. "O grande parêntese liberal, no nível mundial, está acabando", prevê o sociólogo. "É curioso. Pela lógica, Chirac deve ganhar, mas o vento virou para a esquerda." Por isso, de acordo com o sociólogo, mesmo vencendo, o candidato conservador não poderá aplicar uma política de direita clássica. É uma situação comparável à do presidente François Mitterrand, que teve de abandonar seu programa de esquerda na era do liberalismo do ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, e da ex-premiê britânica, Margaret Thatcher. No entanto, Touraine ainda acredita na vitória de Jospin. "Não é impossível. Só dizer isso já é uma grande coisa." (AFt) Texto Anterior: Conservador tenta a Presidência pela 3ª vez Próximo Texto: ENTENDA A ELEIÇÃO Índice |
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