São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995 |
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Procurando um lugar
CLÓVIS ROSSI LONDRES - O Brasil de Fernando Henrique Cardoso é, claramente, um país em busca de uma melhor posição no jogo de relações internacionais. ``Há países que, por seu porte e população, têm que ser ouvidos", diz o próprio FHC. E cita, além do Brasil, a China, a Rússia e a Índia.Até aí, a lógica é impecável. Mas, quando se trata de especificar quais as reformas indispensáveis para dar voz, se não voto, a tais países, o presidente tem mais perguntas do que respostas a fornecer. Exemplo: ``Quem vai mandar? A ONU ou o G-7?" (em alusão ao grupo de sete países mais ricos do mundo). ``Ou serão apenas os cinco países que têm direito de veto no Conselho da Segurança da ONU?", acrescenta FHC. Os cinco países são EUA, França, Inglaterra, Rússia e China, fruto das heranças tanto da Guerra Quente (os cinco venceram) como da Guerra Fria (os cinco eram os pólos ideológicos em conflito). Dúvida dois: FHC simpatiza com a idéia de se criar um Conselho de Segurança Econômico, proposta da Comissão sobre Governo Global, um conjunto de políticos e intelectuais que elaborou um denso relatório encaminhado à ONU em janeiro. Mas pergunta o presidente: ``Quem vai compor esse conselho?" Diga-se que as dúvidas de FHC são mais ou menos idênticas às que surgem na cabeça de todas as lideranças mundiais. ``Há uma incerteza sobre o processo de decisão global, exatamente quando a economia está globalizada", admite o presidente. As propostas do Brasil, como se verá páginas adiante, estão mais voltadas para a questão financeira, quando o problema é outro. ``A questão de fundo é política, não econômica", reconhece FHC. A verdade é que a Guerra Fria tornava as coisas mais simples, embora não necessariamente melhores. Mocinhos e bandidos estavam claramente demarcados, conforme o gosto de cada qual. Agora, não. É natural, assim, que o Brasil apanhe para colocar-se no jogo global, pela simples razão de que o resto do mundo também está apanhando. Texto Anterior: Os Brasis Próximo Texto: Evitamos uma bobagem Índice |
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