São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Carro argentino escapa de impostos

JOSÉ CARLOS CHAVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da alíquota do Imposto de Importação (II) de 32% para 70% transformou as importações de carros do Mercosul em verdadeiro ``negócio da China".
O acordo para formação de mercado comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, batizado de Mercosul, livra de imposto de importação carros levados de um desses países a outro.
A Citro‰n aumentou as importações de carros montados no Uruguai para subsidiar os preços dos modelos vindos da França.
Depois de aumentar em média os preços em 35%, voltou atrás e deixou a nova tabela com preços apenas 15,5% mais altos do que os praticados com a alíquota de 32%.
A estratégia usada foi dividir o aumento entre uruguaios -que não precisariam de aumento- e franceses -para os quais havia necessidade de forte reajuste.
``Se antes trazíamos 10% (do total de importação da Citro‰n) do Uruguai, agora aumentamos para 25%", explica o presidente da marca no Brasil, Sérgio Habib.
Outra francesa, a Peugeot, também vai aumentar sua quota do Mercosul -no caso, Argentina e Uruguai.
Segundo seu diretor comercial, Philippe Jean, em 94 cerca de 50% dos importados da marca vieram do Mercosul. ``Antes do aumento de alíquota, os planos eram trazer este ano 60% do Mercosul; com a mudança do mercado isso pode mudar, chegando a 70%."
A Caoa, importadora que comercializa os modelos Renault, possui um contrato com a matriz francesa que obriga que para cada veículo do Mercosul seja importado outro da França.
Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente da Caoa, diz que se não houvesse o acordo a proporção dos carros importados da Argentina superaria os atuais 50%.
As montadoras também aproveitam as vantagens do Mercosul. A Fiat, por exemplo, vai construir uma fábrica em Córdoba (Argentina) que deve produzir por ano -a partir de 97- 250 mil carros derivados do projeto 178 (que vai substituir o Uno), após investimento de US$ 600 milhões.
A japonesa Toyota está investindo US$ 150 milhões na construção de uma fábrica em Santa Fé (Argentina).
A partir de 98, ali devem ser produzidas anualmente 20 mil unidades de um único modelo (leia texto ao lado), destinadas ao Brasil (50%) e aos outros três países do Mercosul (50%).
Produzir modelos iguais aos nacionais lá fora para importá-los é outro recurso utilizado pelas montadoras nacionais. O objetivo é dar mais espaço à produção de carros com maior apelo de vendas no mercado interno.
Foi o que a Fiat fez com o Duna (que foi fabricado aqui como Prêmio), fórmula que deve ser seguida pela Ford e General Motors.

LEIA MAIS
sobre carros do Mercosul na pág. 7-2

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