São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995 |
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CNBB quer conter 'excesso de racionalismo'
FERNANDO MOLICA
As CEBs são comunidades de leigos que formam a base de atuação social da Igreja Católica no Brasil. A discussão político-social é um dos principais alicerces dessas comunidades. A preocupação é expressa no anteprojeto das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, que será discutido e votado na próxima assembléia da CNBB, entre os próximos dias 10 e 19, em Itaici, distrito de Indaiatuba, a 97 km de São Paulo. O conjunto das diretrizes forma uma espécie de programa de ação dos bispos católicos para os próximos quatro anos e de atuação da nova diretoria da CNBB, que será eleita no encontro. Preparado a pedido da atual direção da CNBB, o anteprojeto sugere uma maior atenção à espiritualidade nos trabalhos das CEBs. O documento, porém, enfatiza a necessidade de a futura direção continuar o trabalho social da igreja. Chega a considerar ``lamentável" que ``a ética social cristã apareça a muitos, mesmo entre o clero, apenas como opção facultativa ou generoso empenho de poucos". A proposta da direção da CNBB demonstra preocupação com a diminuição do número de brasileiros que se declaram católicos. O documento alerta para o crescimento do que classifica de ``individualismo", ``o elevado número de brasileiros que reduzem a religião a uma convicção interior, pessoal, a uma religião `invisível' que abandona totalmente ou quase as práticas comunitárias". A CNBB classifica como urgentes trabalhos junto aos ``católicos não-praticantes", aos que se declaram sem religião e aos não-cristãos de algumas regiões brasileiras (como os índios). O documento pede maior valorização das ``tradições culturais e religiosas afro-brasileiras". Presidência O principal candidato à presidência da CNBB é o bispo de Pelotas (RS), d. Jayme Chemello, apoiado pela atual direção. D. Jayme é considerado um ``progressista moderado" -apóia as iniciativas sociais, mas mantém um bom diálogo com os setores que procuram enfatizar o aspecto espiritual do catolicismo. Setores da oposição lançaram a candidatura do arcebispo de Salvador (BA), d. Lucas Moreira Neves, derrotado por d. Luciano Mendes de Almeida na eleição de 1991. D. Lucas nega ser candidato. Nas últimas semanas cresceu um movimento que quer uma chapa de consenso, com ``progressistas" e ``conservadores". Texto Anterior: Vieira pede volta do imposto Próximo Texto: 'Progressistas' se aproximam de carismáticos Índice |
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