São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995 |
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Banespa impediu CPI de chegar a PC
HUMBERTO SACCOMANDI
``É possível que o Banespa tenha deliberadamente evitado mandar esses documentos à CPI", disse à Folha o delegado Paulo Lacerda, da Polícia Federal, que chefiou a apuração do esquema PC. Segundo o relatório da subcomissão de bancos da CPI da Vasp, não foram respondidos pelo Banespa dois ofícios. O primeiro deles, ofício nº 113, pedia cópia do cheque emitido por Wagner Canhedo como sinal da compra da Vasp, no valor de aproximadamente US$ 4,3 milhões. O sinal, 10% do total da transação, foi pago em 10 de setembro de 90 como primeira parcela. A Folha revelou anteontem que PC pediu empréstimo junto ao Citibank para pagar essa parcela e repassou o dinheiro a Canhedo. O ofício nº 113 pergunta ainda se cheques emitidos pela EPC (empresa de PC Farias) foram usados no pagamento da Vasp. A Folha divulgou anteontem três cheques administrativos do Citibank, emitidos a pedido da EPC para a Expresso Brasília (empresa de Canhedo). Eles foram endossados pelo próprio Canhedo e depositados na conta 081/55103-3. Essa conta, na agência do Banespa no aeroporto de Congonhas, foi usada para o pagamento da Vasp. Nenhum documento da conta chegou à CPI da Vasp. O segundo ofício, nº 122, solicita justamente cópias de extratos das contas correntes da Vasp. Uma dessas contas é a 081/55103-3, mas a CPI não recebeu nada. Os depósitos feitos na conta da Vasp poderiam indicar a proveniência do dinheiro. Novamente, isso levaria a CPI a PC Farias. Caso esses documentos tivessem sido enviados, a CPI teria tido condições de identificar os depósitos de PC a Canhedo que partiram do Citibank, e de provar assim a atuação do ex-tesoureiro de Fernando Collor na compra da Vasp. Na época, o presidente do Banespa era Antonio Cláudio Sochaczewski. O banco público é subordinado ao governo do Estado. Em 92, o governador era Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB). Canhedo também deixou de enviar documentos pedidos pela CPI e que poderiam revelar a participação de PC na compra da empresa. Em 1990, Canhedo obteve junto ao Banespa um dos empréstimos que usou para pagar a Vasp, no valor de US$ 5,9 milhões. Texto Anterior: Procuradoria pede inquérito sobre empresa Próximo Texto: PC nega sociedade na Vasp Índice |
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