São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995 |
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Polícia invade favela no Rio e mata menino sob uma cama
FERNANDA DA ESCÓSSIA; PATRICIA DECIA
Segundo testemunhas, Iron Souza da Silva se escondeu debaixo da cama, mas mesmo assim foi baleado por policiais que perseguiam supostos assaltantes. Cerca de 300 moradores fizeram um protesto em uma avenida próxima da favela. O ato foi repelido pela Polícia Militar e terminou em saque a lojas e depredações. O garoto morreu durante uma perseguição a cinco homens que teriam envolvimento com roubos de cargas, segundo a DFRC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas). Cerca de 20 policiais estavam envolvidos. Eles não não tinham mandado judicial de prisão. Os homens entraram na casa onde Iron estava com os irmãos de 11, 12 e 1 ano de idade. A irmã de Iron, I., 11, disse que os policiais também invadiram o barraco. O menino se escondeu sob a cama. Ele teria sido morto por policiais, segundo a irmã. Debaixo da cama, ficou uma poça de sangue. ``Eles atiraram dizendo que o meu irmão era irmão do bandido também", disse a garota. A mãe, a doméstica Cláudia Maria de Souza, foi avisada por vizinhas. Policiais entregaram Iron a vizinhos, que o levaram ao Hospital de Duque de Caxias. Márcio da Silva Rosa, 19, foi atendido no hospital com ferimentos. O chefe de investigações da DRFC, João Ferreira, disse que os policiais não entraram na casa. ``Os suspeitos entraram na casa e trocaram tiros com os policiais, que permaneceram do lado de fora. Infelizmente o menino foi atingido", disse. Segundo ele, Rogério Eduardo de Oliveira, 19, foi preso na favela com 115 ``papelotes" de cocaína. Três menores também foram detidos e liberados. Protesto À tarde, cerca de 300 moradores da favela iniciaram um protesto na avenida Projetada. O objetivo era fechar a rodovia Washington Luís, acesso à Baixada. Soldados do 15º Batalhão de Polícia Militar (Duque de Caxias) chegaram para dispersar a manifestação e entraram na favela. Moradores e comerciantes afirmaram que os PMs chegaram atirando. O relações-públicas do 15º BPM, tenente Alex Boaventura, negou as afirmações. Os manifestantes entraram em um shopping, onde teriam roubado um tênis, roupas e dinheiro em uma loja de diversões eletrônicas. Um ônibus foi depredado. Os manifestantes incendiaram pneus e atiraram pedras na avenida. As lojas do shopping fecharam e só voltaram a abrir no final da tarde. (Fernanda da Escóssia e Patricia Decia) Texto Anterior: 'Interligadas' são aprovadas em 1ª votação Próximo Texto: Situação é gravíssima, diz FHC Índice |
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