São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Estrangeiros participam com 30% na Bolsa

GUSTAVO PATÚ
EM SÃO PAULO

Os investidores estrangeiros registraram, no mês passado, sua maior participação no mercado à vista da Bolsa de Valores de São Paulo desde as vésperas da crise econômica do México, que estourou em dezembro.
Segundo dados divulgados ontem pela Bovespa, os recursos externos responderam por 30% da movimentação à vista do mês de abril -ou US$ 1,62 bilhão do total de US$ 5,4 bilhões negociados no mês.
Os números foram comemorados na Bolsa paulista, que representa 92% do mercado brasileiro de ações, como uma demonstração da volta da confiança dos investidores. Em novembro, antes da crise mexicana, a participação estrangeira na Bovespa era de 23%.
O volume médio diário negociado na Bolsa tem se mantido estável, entre US$ 300 milhões e US$ 350 milhões, desde novembro, com exceção de dezembro (US$ 584 milhões) e março (US$ 230 milhões).
``A crise mexicana está superada", disse o presidente da Bolsa, Álvaro Augusto Vidigal, que se encontrou ontem com o presidente da Bolsa de Valores do México, Manuel Robleda, em um seminário sobre normas para o controle do mercado de ações.
Robleda também seguiu a linha otimista. Disse que o capital estrangeiro participa hoje com 25% do volume negociado na Bolsa mexicana, percentual equivalente à média dos últimos anos.
Ambos afirmaram que a fuga de recursos externos sofrida pelas principais economias latino-americanas aconteceu mais no setor de renda fixa -aplicações que rendem juros- do que no mercado de ações.
Vidigal fez apenas um alerta: segundo ele, as taxas de juros estão exageradamente altas, o que poderá dificultar os investimentos das empresas para elevar a produção e a oferta de bens.
O presidente da Bovespa disse que o aumento da participação do capital estrangeiro na Bolsa permitirá a recuperação da rentabilidade do mercado de ações.
No mais, para os dois especialistas, é preciso que os governos administrem as demais transações com o exterior -principalmente o comércio- para evitar a ameaça de escassez de dólares que gerou a crise mexicana.
Segundo Vidigal, a perda das Bolsas brasileiras é muito menor do que faz supor, por exemplo, a fuga de mais de US$ 5 bilhões em capital especulativo externo desde dezembro. ``Desse total, apenas cerca de US$ 800 milhões saíram das Bolsas", disse.
Segundo Robleda, o déficit do México em suas relações com o resto do mundo -o chamado balanço de pagamentos- já atingiu 14% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos em um país) este ano. Ainda assim, insistiu que o resultado pode ser revertido.

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