São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Funarte troca ponte cultural por ponte aérea

ELVIS CESAR BONASSA
DA REDAÇÃO

O curso ``Libertinos/Libertários", organizado pela Funarte, revela que a ponte cultural Rio-São Paulo, anunciada pelo ministro da Cultura Francisco Weffort, não passa, por enquanto, de uma boa intenção.
O evento, com 22 palestras de intelectuais brasileiros e estrangeiros -entre eles, Raymond Trousson (Universidade Livre de Bruxelas) e Pascal Dibie (Sorbonne)-, acontece no Rio e em Belo Horizonte. Não virá a São Paulo.
A razão: a Secretaria de Estado da Cultura paulista precisaria entrar com cerca de R$ 50 mil -como fez Belo Horizonte- para ajudar na organização, se quisesse trazer o evento para cá. Como alega que não tem dinheiro, o secretário Marcos Mendonça recusou.
No caso do Rio, porém, a Funarte banca integralmente o evento, orçado em R$ 118 mil, sem custos para a secretaria de cultura daquele Estado, porque a sede da entidade fica lá.
A Funarte, órgão federal ligado ao Ministério da Cultura, deveria ter uma atuação também nacional. Não é o que acontece. Organiza gratuitamente o curso ``Libertinos/Libertários" no Rio e cobra para levá-lo a outras cidades.
É uma forma distorcida de pensar a ponte cultural -que supõe uma divisão de custos entre todos os Estados ou cidades beneficiadas pelas atividades, e não a fórmula apresentada agora pela Funarte.
É um precedente grave. Basta pensar que, para o segundo semestre, a Funarte prepara outro curso, ``A Crise da Razão", com os temas: razão e pensamento; razão e política; razão, religião e superstição; e razão, ciência e técnica.
O grupo de convidados será ainda mais representativo: Jacques Bouverese, Claude Lefort, Miguel Abensour, Calude Imberb, Alain Grosrichard, Gerard Lebrun, além de intelectuais brasileiros.
Se não houver dinheiro das secretarias estaduais, o evento fica no Rio. Nos outros Estados, resta comprar uma passagem de avião -reduzindo a ponte cultural a simples ponte aérea.

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