São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Clinton se reúne com Ieltsin sob tensão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, não assistiu ao desfile de tropas russas durante a comemoração ontem do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial para protestar contra a ação militar da Rússia na Tchetchênia.
Ele e o presidente da Rússia, seu colega Boris Ieltsin, iniciam hoje a mais tensa reunião de cúpula dos chefes de Estado dos EUA e da Rússia desde o desmantelamento da União Soviética em 1991.
A saída de Clinton do palanque durante a apresentação militar era prevista.
presidente evitou críticas à Rússia em seus pronunciamentos ontem em Moscou, mas vai deixá-las claras no encontro de hoje.
``Assim como russos e americanos lutaram juntos há 50 anos contra um mal comum, hoje devemos lutar juntos pelo bem comum", afirmou Clinton durante jantar de gala oferecido por Ieltsin a diversos chefes de Estado.
Clinton assistiu ao desfile de veteranos russos da Segunda Guerra Mundial. Também colocou flores no túmulo do soldado desconhecido em Moscou. Mais de 27 milhões de russos morreram durante a Segunda Guerra.
Embora nunca tenha deixado de apoiar Ieltsin como líder das reformas democráticas na Rússia, Clinton tem se oposto à maneira como seu colega lidou com a tentativa de independência da Tchetchênia.
Mas o principal problema entre os dois na reunião de hoje é a venda de usinas e tecnologia nucleares da Rússia para o Irã, que os EUA querem tentar impedir.
Ontem, em Moscou, diversas autoridades russas deixaram claro que seu país não pretende abrir mão do negócio, que vai lhe render US$ 1 bilhão.
Eles dizem que se os EUA fornecem o mesmo tipo de material e ``know-how" à Coréia do Norte, eles não podem interferir na transação entre Rússia e Irã, considerado país tão ``perigoso" quanto a Coréia do Norte.
Clinton proibiu todos os negócios entre EUA e Irã. O Partido Republicano, de oposição a seu governo, quer impor sanções a países, como a Rússia, que continuem a negociar com o Irã.
Outro ponto de atrito entre Clinton e Ieltsin é a expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que a Rússia quer restringir ao máximo por se considerar ameaçada por ela.

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