São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Polícia invade cativeiro e liberta estudante

PATRICIA DECIA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A estudante mineira Paula Zamboni, 13, foi libertada ontem às 11h30 do cativeiro onde estava há 17 dias, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ).
Policiais de Minas Gerais e PMs de Nova Iguaçu invadiram duas casas antes de encontrar a garota na rua Alegre, no bairro Austin. No local, foram presos o cabo da PM Djalma Melo Martins e o ex-PM Wagner Luis Carvalho da Costa.
A polícia chegou ao cativeiro após prender o soldado da PM Aílton Teixeira da Costa, às 5h, em um telefone público no centro de Nova Iguaçu. O telefone, que havia sido rastreado, era usado pelos sequestradores para os contatos com a família.
Outros três sequestradores -dois PMs e um ex-PM- estão foragidos. Segundo o assessor do secretário de Segurança Pública, coronel Lenine de Freitas, a quadrilha está envolvida em outros sequestros em andamento no Rio.
Paula foi sequestrada no dia 24 de abril, quando chegava à escola, na cidade de Além Paraíba (MG). Ela é filha do atacadista Alencar César David Zamboni.
A estudante foi levada pelos policiais civis de volta a Além Paraíba. Os três presos foram encaminhados com escolta policial para a Divisão Anti-Sequestro, no Rio.
Até as 18h de ontem, eles ainda não haviam sido autuados pois os policiais mineiros, que fizeram o flagrante, não haviam comparecido para ``conduzir a autuação".
Segundo o diretor do DAS, Ícaro da Silva, os acusados não podem ficar presos no Rio, já que não foram presos pela polícia carioca. A situação dos acusados deve ser definida hoje.
A DAS não havia sido informada sobre a operação para libertar Paula. Segundo Freitas, o resgate havia sido autorizado pelo secretário de Segurança Pública do Rio. ``A polícia de Minas tinha informações exclusivas sobre o caso."
O advogado dos presos, João Bosco Don-Held, acusou a polícia mineira de tortura. Djalma Martins e Airton Costa, que apresentavam ferimentos em todo o corpo, foram encaminhados para exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).
Segundo Don-Held, os três se dizem inocentes. Wagner Costa, que foi expulso da PM há dois anos, afirmou não saber que se tratava de um sequestro.

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