São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995 |
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Tráfico recebe armas e promete reação
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Eles afirmaram ter recebido mais de 30 armas após a invasão da favela pela polícia, na última segunda, que causou 13 mortes. Entre as armas, há fuzis FAL (Fuzil Automático Leve) e AR-15 -ambos considerados de alto poder de destruição-, metralhadoras e pistolas, além de uma caixa de granadas de mão. Mais de dez homens armados guardam o principal ponto-de-venda de drogas da favela, perto do local onde ocorreram as mortes. Um dos ``soldados" passeava pelas ruas com uma granada no bolso da bermuda e um fuzil na mão. Outro levava duas pistolas. A venda de cocaína e maconha voltou ao normal. O ``papelote" de cocaína está custando R$ 3, e a ``trouxinha" de maconha, R$ 2. O comércio reabriu. A rádio comunitária tocou a ``Ave Maria", de Schubert, como fundo musical para o anúncio dos enterros de três dos mortos, marcados para ontem. Vários moradores disseram que pessoas têm ligado para o telefone comunitário da favela, afirmando ser policiais. ``Eles dizem que vão voltar para matar mais gente. Que venham. Estamos prontos e vamos reagir", disse um rapaz que se identificou como ``Bolado", 19. ``Bolado" autorizou a exibição das armas. Providenciou também o envio de duas cargas de cocaína para outro ponto do morro. A polícia pouco sabe de ``Marcinho VP", a não ser que nunca foi preso e tem cerca de 18 anos. ``VP" é a sigla para ``vapor" (viciado em maconha). ``Bolado" fumava maconha seguidamente. Disse que ele e os outros não têm medo de morrer, porque acreditam em Deus, e que seria membro do CV (Comando Vermelho). O CV, segundo a polícia, é a organização criminosa que controla o tráfico e a entrega de armas em várias favelas do Rio. Texto Anterior: Chacina de 94 não é apurada Próximo Texto: Câmara pede investigação Índice |
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