São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Estrangeiros querem investir US$ 250 mi

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Supermercados estrangeiros estudam investir cerca de US$ 250 milhões no país para abrir lojas nas principais cidades brasileiras.
A avaliação foi feita por Paulo Afonso Feijó, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), no encerramento da 58º feira-convenção da indústria mundial de supermercados, ontem, em Chicago.
A feira, promovida pelo FMI (Food Marketing Institute), dos EUA, é o principal ponto de encontro de supermercadistas de todo o mundo.
Este ano, 1.300 empresas mostraram aos 35 mil delegados (entre os quais 400 brasileiros) a última palavra em técnicas de venda e novos equipamentos do setor.
O presidente da Abras disse que foi muito procurado na feira por executivos de redes de supermercados dos EUA, Reino Unido, França, Argentina e Chile interessados em obter informações para investimentos no Brasil.
Segundo Feijó, a abertura comercial e a perspectiva do aumento do consumo de bens de primeira necessidade, na esteira da estabilização da economia brasileira, estão despertando o interesse de investimentos estrangeiros no mercado varejista brasileiro.
Outro fator para esse interesse, disse Feijó, é o crescimento da presença da rede varejista norte-americana Wal-Mart no país.
``As grandes empresas multinacionais, rivais da Wal-Mart, não querem perder terreno para a concorrente no Brasil", afirmou.
O presidente da Abras disse que as redes dos cinco países estrangeiros mais interessados no Brasil planejam investir cerca de US$ 50 milhões para estabelecer, a médio prazo, pelo menos uma loja, de porte médio a grande, no país.
Joint ventures
Feijó afirmou que os investimentos externos no setor de supermercados do país podem tomar a forma de joint ventures (sociedade entre empresas).
``Os varejistas estrangeiros consideram que essa é a forma mais barata e racional de entrar no mercado brasileiro", declarou.
Para Feijó, o principal benefício da potencial invasão do Brasil por supermercados estrangeiros é a transferência para o país da tecnologia avançada de automação.
Segundo o presidente da Abras, a feira de Chicago deste ano deixou claro que o setor de supermercados do país tem que romper de vez com seu passado de empresas familiares e fechadas.
``O setor de supermercados do Brasil vai passar por uma grande transformação, movido pela globalização econômica", disse.
Para ele, o aprimoramento operacional, com a informatização do controle de estoques, caixas eletrônicos e gestão da informação, é um dos passos no caminho para a maior eficiência dos supermercados no país.
As vendas dos supermercados brasileiros alcançaram o valor de US$ 31,5 bilhões no ano passado. A Abras estima um crescimento das vendas para US$ 35 bilhões este ano.
``As margens de lucro, que foram de 50%, estão caindo rapidamente -hoje são de 12%- e só sobreviverá quem reduzir seus custos para aumentar a oferta de produtos de qualidade aos consumidores", disse.

O jornalista ANTONIO CARLOS SEIDL viajou aos EUA a convite da Abras

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